O PODER DE POLÍCIA !

Quarta feira, mais ou menos dez horas da manhã. Voltava para casa de um trabalho que não gosto muito. O acompanhamento do cumprimento de uma ordem liminar de desocupação de imóvel. Isso sempre mexe comigo porque, muitas vezes me deparo com famílias menos favorecidas sendo retiradas de suas casas - aos olhos deles - de surpresa, mesmo tendo sido avisados com antecedência do perigo de isso ocorrer. Bem, mas como estava dizendo, voltava para casa para me trocar e me dirigir ao escritório para cumprir mais uma jornada de trabalho. Como moro na periferia da capital, passo por ruas onde existem moradias simples, para chegar em minha casa. Em um cruzamento, próximo ao meu doce lar, vejo uma viatura da polícia militar parada do lado oposto. Avisto um soldado da PM, de mais ou menos minha idade, uns cinqüenta anos, acenando para que eu parasse o carro. Obedeço e estaciono meu carro. O PM se aproximou, me cumprimentou com um bom dia e ordenou que eu apresentasse os documentos do veículo e minha habilitação. De pé, ao lado do veículo o PM esperou até que eu abrisse o portaluvas, retirasse dali os documentos do veículo e após, retirasse do bolso a habilitação, e os entregasse para a verificação. O PM observou atentamente os documentos e após a análise, sem a constatação de qualquer irregularidade, ordenou que eu descesse do veículo. Sem entender muito bem o motivo, obedeci, abrindo a porta e colocando-me em pé ao seu lado. O PM olhou para mim, ainda com os meus documentos em suas mãos e ordenou que eu colocasse as mãos sobre o veículo. Nesse instante, num átimo, lembrei que já tenho cinqüenta e três anos, meus cabelos são grisalhos, meu semblante, apesar que ainda não o vejo assim, é de uma senhor de meia idade, claro. Pensei ainda que, apesar de estar em uma região “de risco”, pois como disse, estava na periferia da capital, não ofereço qualquer risco para o policial. Pensei ainda, e me recordei dos tempos de caserna, eis que fui militar da Aeronáutica e aprendi alguns procedimentos de segurança para abordagens militares. O Pm, afinal de contas, agiu de forma totalmente errada, ou seja, primeiro parou meu veiculo, pediu os documentos sem determinar, primeiro, que eu descesse. Deixou, no primeiro momento, que ficasse dentro do veículo e abrisse o portaluvas e retirasse do meu bolso a carteira de documentos. Nesse momento sim, poderia oferecer risco ao PM, se eu fosse um bandido. Diante de tudo isso, olhei para ele e perguntei se a ordem para por as mãos sobre o capô do veículo seria para uma revista pessoal ao que ele respondeu afirmativamente. Olhei, desta vez bem em seus olhos e disse, com voz firme, que não iria me revistar. Ele ficou me olhando, meio que assustado, surpreso, sem saber o que fazer e falar. Afastou-se de mim, sem dizer mais nada, dirigindo-se para a viatura que estava do outro lado da rua, anotando, creio eu, os dados do veículo e os meus em uma prancheta. Fiquei do lado de fora do veículo aguardando nova ordem. O PM após terminar suas anotações retornou com meus documentos e olhando-me nos olhos perguntou, desta vez com voz firme e alta. Ta tudo certo? Ao que respondi, sim, tudo certo!. Ele continuou..Sem problemas?....e eu, novamente com a voz calma. Comigo, sim, sem problemas!. O PM, então entregou-me os documentos e disse: Tenha um bom dia!........Entrei no veículo e continuei meu trajeto, pensando......Tudo certo......Sem problemas....