O DELEGADO SAFADO

Antigamente nas cidades do interior de Minas Gerais, os delegados eram nomeados pelo prefeito. Os delegados andavam debaixo de ordem do prefeito. Os desafetos do prefeito eram presos e só saiam da grade com um habeas corpus de algum advogado. Já os chegados do prefeito tinham tratamento privilegiado. Era só alguém da família procurar o prefeito e o preso estava livre. Quando algum adversário do prefeito ia preso, e o mesmo estava viajando, o delegado querendo extorquir os familiares, dizia que era só pagar a “carceragem” que ele soltava o sujeito. Cobrava altas taxas que iam diretas para seu bolso.

Certa vez, foi prendido na zona boêmia acusado de quebradeiras, o filho de um médico, ferrenho adversário do prefeito atual. O médico era pretenso candidato á prefeitura. Ele foi à cadeia para tirar o filho. O delegado sabendo que o médico era adversário do prefeito esfregou as mãos de contentamento. O filho de um dos cidadãos mais ricos da cidade fora preso. Como seu cargo não era remunerado, quando tinha oportunidade, ele “arrancava o couro” dos parentes dos presos para soltá-los.

O médico ao saber do fato foi logo procurar seu advogado para soltar o filho. O advogado estava fora da cidade. O Delegado pediu uma alta soma pela carceragem. O médico achou um abuso e se recusou a pagar. Foi aconselhado por um dos policiais a pagar, seu advogado estava viajando, o Juiz só vinha para despachar no final do mês. Se ele não pagasse o rapaz iria ficar preso e Isso comprometeria sua campanha na eleição municipal. Ele acabou concordando, mas ao pagar, disse ao delegado:

-Isso não é carceragem, é RESGATE!

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