O NASCIMENTO DE UM DESASTRADO
 

          Conta a lenda que, desde o berçário, o pobre menino manifestou sintomas do mal que o acompanharia por toda a vida: a desastrice*.
Todos sabem que sua primeira mamada causou alvoroço entre médicos e enfermeiros da maternidade. Diferentemente das outras crianças, que sentiram o primeiro prazer de suas vidas com a boca sugando o leite materno (como bezerrinhos desmamados), aquela situação seria traumática e jamais superada por ele. O líquido, que deveria seguir o curso normal pela faringe, desceu pelo canal errado, engasgando o coitado, melando sua cara e levando todos ao desespero.

          Vermelho da cabeça inchada aos pequenos pés - já furados pela injeção de rotina - entre a tosse e choro foi colocado de cabeça para baixo e segurado pelas pernas. Em poucas horas depois de nascido, levou novamente umas palmadas, só que agora foram para desengasgar, mudando apenas a geografia do corpo, da bunda para as costas.

          Passado o susto - e os gritos histéricos da mãe - após os esforços da equipe médica (que agiu com eficiência), o tempo comprovaria que não houve negligência materna, e sim incompetência da criança. Naquele dia, abriu os olhos para o mundo um ser peculiar, que o povoaria para trazer situações hilárias, para ele próprio, e as pessoas ao seu redor. Os anos passaram, o primeiro encontro de amor ocorreu, e o resultado disso...

*Desculpem-me pelo neologismo, mas foi necessário para manter o sentido do texto.

 
Robson Alves Costa
Enviado por Robson Alves Costa em 04/05/2013
Reeditado em 09/05/2013
Código do texto: T4274224
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