O JEGUE QUE VIROU UNICÓRNIO

( História quase verídica que se passou em Itabi, cidade localizada no sertão sergipano, reconhecida nacionalmente como a terra do jegue)

Iôn!!! Íôn!!! Íôn!!! Zurrando alto lá vem o jegue pelas ruas da cidade .Sua teimosia é marca registrada , algo inerente, o bicho não faz isso por maldade. Animal forte, andarilho do sertão, mesmo sem coroa é rei de nosso nordeste. Não me venham com lampião, histórias de cabra da peste. Aqui o Jegue é soberano só cego que não percebe.

Quando empaca por nada se move, não há chicote que o moleste .Em Itabi encontrou morada sagrada, é símbolo da cidade, reconhecimento de sua jornada . Ser intocável, amigo do sertanejo, inseparáveis mesmo nas estradas mais árduas. Na entrada do município foi condecorado, possui até estátua. No entanto, do alto de sua santidade e empáfia um dia o jegue se deparou com um rapaz corajoso que o desafiou. Nunca tinha visto o quadrupede tanta audácia. Vindo de longe, a fama do bicho o rapaz bem que conhecia, mas medo em sua bagagem era algo que não trazia.

Chegou na cidade em dia de festa. Traçou meta audaciosa, queria fazer história, provar toda sua virilidade levando a desonra aos donos da terra, essa seria sua glória. A princípio decidiu ir atrás da garota mais bonita da festa, mas esperto que era logo veio a cabeça que a beleza é um atributo relativo e que logo se encerra. Então foi atrás de algo mais concreto. Olhando por perto via a primeira dama no camarote, se animou , mulher do prefeito , alvo perfeito para dar o bote.

No entanto, logo se entristeceu, afinal o mandato do prefeito estava no fim, não cravaria seu nome na história com uma conquista tão efêmera assim. Logo seria a mulher de um ex-prefeito. Contrariado o rapaz saiu pelas ruas de Itabi Atrás de um novo plano . Depois de longo tempo , e nada surgir em sua mente começou a se queixar:

- Meus deus , me dá uma ideia, será que sou tão burro que em nada consigo pensar. Burro!!! Claro, é isso . O bicho lembra um animal que aqui é adorado, imagina só se o jegue fosse chifrado.

Nesse dia o pobre jegue não prendeu a esposa no pasto, deixou aberta a porteira e o destemido forasteiro com um pouco de capim canela seduziu a pobre jeguezinha. Cavalgou por longas horas em sua anca, a bichinha ficou assada, no outro dia estava manca. O jegue de sua ausência nada percebeu, mas quando viu seu andar ficou todo desconfiado. A esposa desconversou , disse que estava assim porque comera um capim estragado. Quando amanheceu o dia o povo da cidade ficou espantado com um fato sucedido. Na testa do jegue um chifre tinha crescido.

Como lá o bicho é querido falar dele e da mulher não é algo concebido. Então para resolver todo imbróglio o jeito foi dizer que de tanta adoração o jegue virou unicórnio. E hoje o animal vive em Itabi com sua moral ilibada , mas nas redondezas , em outras cidades vizinhas em vez de unicórnio o bicho é reconhecido pelo novo adorno, ao seu passar todos gritam: Lá vem o Unicorno.

No entanto o rei de Itabi não parece ligar muito pra isso. Nos verdes pastos não é difícil encontra-lo. Anda soberano, sem preocupações ou compromissos ao lado de sua Fêmea e do pequeno filhote que não nasceu homem, muito menos nasceu jegue.

Namoro de gente com tão afamado quadrupede não é fato novo no Sertão, porém é fato que ainda a muitos isso assuste. A verdade é que muita explicação o fato não carece. Afinal, olhando os pais não é tão improvável assim tal variedade de espécie. Homem com jegue de que forma sairia o rebento? Mas é claro que só poderia dar jumento!!!