Passarinho Cantor

Quando crianças inventamos tantas coisas, tantas histórias, tantas fantasias que nem sei explicar onde encontramos tanta imaginação. Quando criança gostava muito de cantar. Parecia mesmo uma cigarra. E tudo começou num dia em que a minha professora de catecismo me colocou lá na frente do grupo para cantar a Ave Maria. Daí pra frente era eu e mais ninguém cantando em tudo que era festa de comemorações na Igreja e na Escola. Parecia um passarinho cantor, talvez seja por isto que eu ame de paixão os sabiás. E meu pai era meu primeiro fã, porque dizia que a minha voz era linda e entoada e até comentava com a minha mãe “não sei a quem ela puxou com esta voz” e eu ficava numa pabulagem tão grande que mal cabia dentro de mim de tanto orgulho por saber cantar. Cantava também no rádio da minha pequena cidade e como meu pai gostava muito de música, decorei as que ele mais gostava. Incrível, quando eu cantava La Malagueña e Cucururrucucu Paloma de Miguel Aceves Mejia e cantando estas melodias que ganhei vários concursos de cantos na escola.
Até que um dia, alguém veio conversar com o meu pai a respeito de que eu poderia no futuro ser uma cantora. Viajar, sair das rédeas do meu pai e do cós da saia da minha mãe? Nem pensar! Meu pai falou que não tinha filha pra se aventurar no meio do mundo. E assim foi que foi, fiquei muito orgulhosa, contei pra Deus e o mundo e minhas coleguinhas de escola só falavam assim. “Grande Coisa”. Na verdade eu não tinha vocação pra sair da barra da saia da minha mãe mesmo e ficou o dito por não dito. Mas continuava cantando por onde era pra cantar: escola, igreja, banheiro, ajudando minha mãe em casa, principalmente quando era pra colocar meus irmãos menores pra dormir. Abria a goela e os vizinhos inteiros sabiam que pra cantar eu era 10. Tive meus dias de glória, quando cantava no serviço de radiofonia da minha cidade, o povo parava para me ouvir cantar Malagueña Salerosa e Cucururrucucu Paloma, com direito aquele dobrado na voz de dá gosto. Tinha até uma rival, uma colega da escola que sabia cantar em inglês e num concurso de canto até que teria ganhado de mim, se não tivesse caprichado no dobrado que eu sabia fazer com a voz. Histórias da minha infância pra não esquecer nunca mais.
Emedelu
Enviado por Emedelu em 05/10/2013
Código do texto: T4512885
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