A Seita da Grã Ordem da Lamparina Sagrada - Parte IV

A Seita da Grã Ordem da Lamparina Sagrada

PARTE IV

Nas areias do deserto o sol refletido atrapalhava a visão, nos olhos de Collorado killer, apenas o brilho do ódio.

Já há duas semanas no deserto de Nevada, Collorado encontrava-se ansioso em avistar algum maldito povoado. Estava há cinco dias sem provisões, e o que era pior, quase três dias sem matar.

Olhou para o cano frio e silencioso de sua Winchester e lembrou que a ultima vez em que aquela belezinha havia sido disparada, fora contra um bando de navajos sujos. Ainda forçava seus neurônios para entender como funcionavam aquelas armas estranhas em forma da grande lua cheia, e o significado das palavras escritas em suas carroças: APACHE ESPORTE CLUBE.

Na ocasião , quando avistou os selvagens, pensou tratar-se de uma miragem induzida pelo sol forte e pela falta de água. Os Navajos praticavam um ritual violento e estranho.Após rápida analise, Collorado concluiu que só poderia se tratar de um ritual de guerra, e antes que suas armas começassem a cuspir fogo, observou atentamente e se surpreendeu com tamanho primitivismo selvagem.

Enlouquecidos, os nativos corriam atrás da arma em forma da grande lua cheia, que na verdade, não era mais que uma esfera de couro. A pobrezinha era violentamente atacada com chutes e pontapés. A primeira reação de Collorado foi de sentir pena da esfera, mas logo viu que a mesma não era tão inofensiva e sim uma arma perigosa. Pois quando se aproximava sorrateiramente para pegar os selvagens de surpresa, foi atingido pelo projétil esférico em plena região pubiana. Berrando de dor e rolando pelo chão como um alucinado, Collorado pode ouvir um selvagem dizendo:

__ Rode os braços! Rode os braços!

Quando se recuperou, começou a disparar, e só parou quando o ultimo maldito Navajo estremecia em meio a uma poça de sangue.

Agora se dirigindo ao vilarejo de J. Hall Dangers, collorado pensava sobre o ocorrido e com a mão direita - a mão esquerda mantinha sempre sobre o colt 45 - tocou de leve a arma capturada aos selvagens e teve um pressentimento de que ela viria a ser útil.

Atravessava o grande vale do rio Oregom, quando sua montaria começou a apresentar sinais de cansaço. Puxou bruscamente as rédeas do animal, fazendo-o parar.Desmontou de um salto e aproximou-se do rio.

Depois de fartar-se com água, olhou por sobre a cadeia de montanhas que rodeava o vale com seu olhar duro e frio. Como todo homem rude do oeste, sabia dizer com precisão as horas do dia analisando o aspecto do tempo. Após olhar para o sol fraco da tarde e ver a grande águia voltando para o seu ninho nas rochas inatingíveis, os coyotes se agitando ao longe, falou (não sem antes consultar o seu Seiko Digital de Pulso) num rosnar entredentes:

__ Dezessete horas, vinte e dois minutos e treze segundos.

Resolveu acampar naquele lugar durante a noite que viria. Acendeu o fogo para preparar um café e manter longes os coyotes. Pegou uma porção de fumo que um velho índio lhe vendera e pensou nas palavras do velho na hora da compra:

__ Aí, o fumo é coisa boa, ta ligado? Tou te servindo milgraus porque não sou de maia ninguém, ta ligado? Mas é o seguinte: a área ta lombrada, zim. Os gambé não tão dando mole, e se tu caí com este fumo, deixa baixo. Não entra numas de me complicar porque eu sou de correr atrás, ta ligado?

Collorado deu duas bolas, quer dizer, tragos e adormeceu.

milimetro
Enviado por milimetro em 18/04/2007
Reeditado em 30/01/2008
Código do texto: T454743
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