Uma piada apenas uma inocente piada...

Baseado em factos reais...

Um dia na tropa, durante um fim de semana de serviço foi requisitado como guarda da cerimónia do hastear da bandeira ao domingo, algo que era levado muito a sério pelos oficiais e sargentos, um dos poucos momentos solenes do quartel, de tal ordem que tivemos que usar luvas impecavelmente brancas e de limpar, ainda mais e melhor, as fardas e as armas.

Ora pouco tempo antes da cerimónia contei uma anedota a um camarada meu que achou de tal ordem piada à dita que fez um enorme esforço para ficar sério. O problema é que éramos poucos homens na cerimónia e ele ficava na fila da frente, bem à vista dos oficiais e, sabendo isto, fiz questão de, durante o hastear, imitar a voz de falsete com que lhe contei a piada...O homem bem se segurou mas tremeu que nem varas verdes ao vento durante aqueles minutos tentando não desatar às gargalhas, enquanto os oficiais o olhavam com ar severo...

No final, pela boca dele, soube pela primeira vez na vida o que era ser realmente insultado, e eu ainda estou para saber o motivo porque me limitei a contar-lhe uma piada...

Mas ainda hoje estou grato pelas regras de segurança obrigarem ao uso de munição real apenas na carreira de tiro ou quando estávamos de guarda mas nunca no hastear da bandeira...

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 20/11/2013
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