O efeito feiura
-Como esse menino é feio doutor. Olhe para esse nariz e essa cabeça – disse uma senhora corpulenta para o Dr. Olavo que naquele instante, sem nada para fazer do cérebro, isolado em um ambulatório de periferia, exílio obtido depois do terceiro divórcio e da quarta pensão alimentícia, o último casamento com uma dançarina de cabaré viciada em chicletes de nicotina.
-Não entendi? - disse entendendo sem entender. Porque uma mãe devassava a vida de sua cria bem na frente de um profissional da saúde.
-Vim tratar a feiura dele, o posto estava vazio, aproveitei uma demanda e vim, dizem que o senhor é muito bom.
-Não sou tão bom assim...
-Como é que é?
-Quero dizer, feiura não é uma doença, leve-o para casa, vou receitar umas vitaminas e quem sabe ele não melhore quando completar dezoito anos e servir o exército.
-Ele tem 22 – disse a mulher dando a gargalhada de um dente só – o exército dispensou ele da entrada, o sargento perguntou desse jeito: “ isso é um homem?”, quase dei na cara dele – ela ajeitou a bolsa e disse – olhe para essa barriga, o menino é magro, mas tem barriga....
-Levante rapaz – disse o médico.
-Ele está de pé – disse a mulher já saindo do sério.
-Desculpe o equívoco é que parece que está sentado, venha dê a volta – disse o médico, que de especialidade era pediatra e tinha um instinto maternal pelas crianças, porém o rapaz parou no meio do caminho e retirou as calças ficando de cócoras.
O médico teve um tremor corporal, tontura e achou que ia vomitar, em raras vezes pensou que perderia os sentidos, essa foi uma vez.
A senhora ajeitou a bolsa e disse.
-Ele tem mania de cagar quando está nervoso, isso alivia a tensão.
-Meu Deus, isso é horroroso, já levou o menino no psiquiatra?
-Seis vezes, um deles me encaminhou para um especialista em genética, o outro, um safado, mandou que procurasse a NASA, os dois outros mudaram de endereço, teve um que largou a medicina.
-Tem que ter uma solução, um menino desses, quero dizer um homem de vinte e dois anos, com um metro e meio de altura, não deve ficar defecando no meio da rua....
A mulher virou-se para o filho e disse.
-Cauã, não joga merda no titio – ela ajeitou a bolsa – ele tem essa mania.
-Tem alguma chance de jogar a merda em mim?
-O senhor torcee para que time?
-Flamengo.
-Cauã não joga merda nele, é flamenguista, se o senhor torcesse para o Fluminense ele jogava.
-Que bom, quero dizer, bom torcer para o Flamengo – Cauã, levantou pelado, fedendo a bosta e abraçou o médico, gritando.
-Uma vez flamengo, sempre flamengo.
-Olha doutor, ele gostou de você – disse a mulher sorridente.
-Como esse menino é feio doutor. Olhe para esse nariz e essa cabeça – disse uma senhora corpulenta para o Dr. Olavo que naquele instante, sem nada para fazer do cérebro, isolado em um ambulatório de periferia, exílio obtido depois do terceiro divórcio e da quarta pensão alimentícia, o último casamento com uma dançarina de cabaré viciada em chicletes de nicotina.
-Não entendi? - disse entendendo sem entender. Porque uma mãe devassava a vida de sua cria bem na frente de um profissional da saúde.
-Vim tratar a feiura dele, o posto estava vazio, aproveitei uma demanda e vim, dizem que o senhor é muito bom.
-Não sou tão bom assim...
-Como é que é?
-Quero dizer, feiura não é uma doença, leve-o para casa, vou receitar umas vitaminas e quem sabe ele não melhore quando completar dezoito anos e servir o exército.
-Ele tem 22 – disse a mulher dando a gargalhada de um dente só – o exército dispensou ele da entrada, o sargento perguntou desse jeito: “ isso é um homem?”, quase dei na cara dele – ela ajeitou a bolsa e disse – olhe para essa barriga, o menino é magro, mas tem barriga....
-Levante rapaz – disse o médico.
-Ele está de pé – disse a mulher já saindo do sério.
-Desculpe o equívoco é que parece que está sentado, venha dê a volta – disse o médico, que de especialidade era pediatra e tinha um instinto maternal pelas crianças, porém o rapaz parou no meio do caminho e retirou as calças ficando de cócoras.
O médico teve um tremor corporal, tontura e achou que ia vomitar, em raras vezes pensou que perderia os sentidos, essa foi uma vez.
A senhora ajeitou a bolsa e disse.
-Ele tem mania de cagar quando está nervoso, isso alivia a tensão.
-Meu Deus, isso é horroroso, já levou o menino no psiquiatra?
-Seis vezes, um deles me encaminhou para um especialista em genética, o outro, um safado, mandou que procurasse a NASA, os dois outros mudaram de endereço, teve um que largou a medicina.
-Tem que ter uma solução, um menino desses, quero dizer um homem de vinte e dois anos, com um metro e meio de altura, não deve ficar defecando no meio da rua....
A mulher virou-se para o filho e disse.
-Cauã, não joga merda no titio – ela ajeitou a bolsa – ele tem essa mania.
-Tem alguma chance de jogar a merda em mim?
-O senhor torcee para que time?
-Flamengo.
-Cauã não joga merda nele, é flamenguista, se o senhor torcesse para o Fluminense ele jogava.
-Que bom, quero dizer, bom torcer para o Flamengo – Cauã, levantou pelado, fedendo a bosta e abraçou o médico, gritando.
-Uma vez flamengo, sempre flamengo.
-Olha doutor, ele gostou de você – disse a mulher sorridente.