É verdade que Sônia estava acima do peso, também com tanta coisa boa para comer, não é?Aquela comida chinesa, japonesa, churrasco, sorvete, picolé e doces de todas as naturezas. Conheceu Osvaldo que disse logo , amor de macho é sem frescura.
-Te amo com esse budão e tudo – ele era pedreiro e ela Médica, mas o Osvaldo foi seu cobertor de orelha aquele que estava esperando, era bronco, tinha seis dentes a menos que um ser humano normal da idade dele, bebia e fedia a cigarro barato.
Casou de véu e grinalda, porém rasgou o vestido na largura quando Osvaldo tentou confirmar a tradição do noivo carregar a noiva e o Osvaldo torceu a coluna.
A gota d’água para o excesso de peso foi em uma tarde de abriu, ela estava a quatro horas sentada, sem comer a ponto de ter uma hipoglicemia fatal, atendendo sem parar aquele corredor interminável de gente doente que só os corredores do SUS, quando ela levantou e pediu licença a paciente que estava atendendo pois precisava comer alguma coisa, estava a ponto de ter um troço, uma hipoglicemia.
-Pode esperar um minutinho querida – disse Sônia.
A senhora uma costureira com problemas na coluna disse “tudo bem” e Sonia foi saindo.
-Doutora – disse a senhora.
-Que coisa?Não seja impaciente, não pode esperar uns minutinhos, preciso sair estou quase a ponto de um colapso orgânico, aponto de minha hiperglicemia me derrubar, me dê dois minutos ?– disse Sonia.
-Estava querendo ajudar porque gosto da senhora que é tão atenciosa é que....– disse a costureira a ponto de cair na gargalhada.
-Que é? – disse Sonia tentando ter a paciência necessária na lida com doentes.
-A senhora está com a bunda toda suja de bosta , isso mesmo, se fosse o meu marido diria que é uma freada de bicicleta, nesse caso – ela sorriu - motocicleta– a mulher levantou e mostrou o local com o dedo e uma cara de nojo .
Aquele dia foi quase o ultimo de sua vida, correu para o banheiro e quis morrer – ligou para o Osvaldo e pediu uma roupa, quando ele disse que não podia, ela disse :”vem aqui agora senão eu te mato”, ele foi e levou um saia e uma blusa.
-E a calcinha?
-Pra que quer uma calcinha? – perguntou inocentemente o Osvaldo, ela quis chorar novamente, só que dessa vez de raiva, saiu sem calcinha mesmo e nunca mais voltou naquele hospital.
Aquela humilhação foi o suficiente para que entrasse em uma dieta de verduras e fosse à academia, na primeira semana perdeu seis quilos e ficou alegre, porém seis quilos no universo de cento e trinta era nada, quase ninguém percebeu, nem ela murchando a barriga, as vezes ela chegava ao hospital e dizia.
-Gente eu estou malhando pesado, perdi seis quilos.
As pessoas balançavam a cabeça, o Juninho um veado que era seu cabeleireiro dizia.
-Sonia minha filha, você não está gorda, você tem que perder dez quilos para ficar gorda, então você tem que dá duro pois “eles” gostam dos magros e das magras... – aquilo colocava qualquer um para baixo, quando estava na posição intima, ficou por cima e Osvaldo, tentou fazer um movimento rápido e foi um cataclima, o belo marido teve o esmagamento de um dos ovos dele.Tiveram novamente que espiclar no médico.
-O que foi isso? – perguntou o médico urologista.
-O senhor sabe.... – disse Osvaldo.
-Isso foi na relação? Minha senhora precisa emagrecer, na próxima a senhora mata esse marido.
Toda vez que ia em uma loja de roupas perguntavam?
-Está grávida?
Quanto ao ovo esmagado Osvaldo dizia.
-Se preocupa não me filha, ainda resta o outro – dizia Osvaldo, que para ele tudo estava bem.
No hospital, era considerada um clinica respeitada ,inteligente, com dois mestrados em uma residência em um hospital respeitável, até o dia que ficou conhecido em todos os hospitais com o dia do” pum motoca” , desse dia em diante não tinha cara de ir a hospital nenhum, deprimiu e foi internada.
Estavam os gênios da medicina reunidos em uma reunião clinica de suma importância, lotada por todos pois tinha também razões sentimentais, o paciente era grave e ela precisava passar todo o caso para os seus colegas, tinha muito conhecimento médico e era respeitada, o diretor já havia pensado em dar a chefia de clinica médica para Sonia e esse era o seu sonho profissional .
Excitada no dia anterior comeu comida mexicana, bebeu uma cerveja com pimenta do reino e beijou Osvaldo no lugar intimo.
-Vou ser chefe Osvaldo, quem sabe não animo e emagreça?
-Eu gosto de você de qualquer jeito – disse Osvaldo.
O dia foi movimentado e Sonia decidiu que falaria em publico de pé, a casa estava cheia, pois havia uma homenagem a um cirurgião morto, o qual o velório ocorria na capela do hospital.
-Meus colegas, Doutores, gente do mais puro saber – começou Sonia, neste momento é que tudo começou, a desgraça de Sonia, foi ai que o primeiro saiu, foi um som leve suave, poucas pessoas perceberam, depois quando o presidente do hospital pediu a palavra para homenagear o cirurgião , herói do hospital, morto ao tentar salvar uma criança em uma casa pegando fogo, saiu o barulhento ...
-T´ÁTÁ...
-O que é isso meu Deus? – era o peido motoca de Sonia.
-RATATATÁ....
-Que fedor, alguma tubulação de esgoto arrebentou... – disse a doutora emérita da cadeira de Ginecologia.
-TATÁ.. – Sonia queria segurar, porém ele saia por livre vontade como o fim de uma possessão .
-A senhora está peidando neste recinto ? – perguntou o diretor -0 enquanto eu faço uma homenagem a um nobre colega morto?
-RATATATÁ – Sonia começou a chorar e quis sair.
O fedor nesse momento empesteava todo o ambiente, efeito arma química, muitos já tinham o seu jaleco sobre a face.
-Meu Deus!Você tem que procurar um profissional proctologista, tem um serio problema de saúde.
Sonia saiu correndo pelo corredor, não queria ser mais médica, queria ser outra pessoa.