O BURRO ROCHEDO

O BURRO ROCHEDO

Na segunda feira de carnaval, fui com dois primos e amigos, um de Brás Pires (José Geraldo Rivelli) e o outro de Porto Firme (José Carlos Vidigal ) hoje, residente em Juiz de Fora, visitar os primos e amigos da fazenda São Geraldo, em Porto Firme. Esta fazenda fica próxima à divisa com Calambau.

Passamos o dia com muita alegria, com direito a whisky importado, queijo do Serro e um grande almoço, no qual dois patos assados foram os atores principais. Com um bom papo rolando, ficamos sabendo de muitos acontecimentos e casos da quase centenária fazenda.

Como não dá para relatar tudo de uma vez, começarei pelo que ocorreu com um burro da fazenda, que tinha o nome de Rochedo.

O Sr. Geraldo Carlos, proprietário da fazenda, estimava muito esse burro que, por muito tempo, fez parte de sua tropa. Agora já bem velho, o Rochedo fazia um trajeto pequeno, como ir a Porto Firme levar rapaduras, cachaça e cereais para serem vendidos. Havia em Porto Firme, um Coletor estadual chamado Zé de Lima, originário de Calambau, que cumpria bem o seu dever fiscalizando todas as mercadorias vendidas na cidade. Com os produtores de cachaça a fiscalização era mais intensa.

O Sô Antônio, tropeiro da fazenda, certa vez, transportando a cachaça em dois pipotes de 40 litros, no lombo do Rochedo, caminhava, tranquilamente, na entrada de Porto Firme quando, de repente, avistou o Zé de Lima. O Sô Antônio gritou: - Olha o Zé de Lima! E deu uma chicotada no Rochedo fazendo com que ele voltasse correndo em direção à fazenda. Isso aconteceu várias vezes, e sempre com o Sô Antônio gritando:- Olha o Zé de Lima! e dando uma chicotada no Rochedo, que voltava correndo para a fazenda São Geraldo.

Certo domingo, o Zé Carlos, um dos filhos do Sr. Geraldo Carlos, resolveu ir à missa em Porto Firme, montado no Rochedo, que por sinal era bom de sela. Foi tudo muito bem até próximo à Igreja, onde o Zé ia amarrar o burro debaixo de uma árvore. No momento em que o Zé ia amarrar o burro, passa o Zé de Lima que era músico e ia tocar na igreja. O Zé, muito educado, foi cumprimentar o Coletor:- “Bom dia Sô Zé de Lima!”. O Rochedo ao ouvir esse nome deu uma esticada, arrebentou o cabresto e voltou em uma desabalada carreira para a fazenda, deixando o Zé Carlos a pé...

Certa vez, transportando dois sacos de feijão para um armazém em Porto Firme, o Rochedo teve uma dor de barriga, deitou-se no chão e começou a rolar de um lado para o outro. O dono da venda disse para o Sô Antônio, que conduzia o burro: -Vou buscar duas garrafas de cerveja, você as despeja na boca do burro que a dor de barriga sara rapidamente. Assim foi feito e o burro sarou. Acontece que, durante dois meses, a dor de barriga do burro tornou-se a repetir por umas três vezes na porta do armazém. O procedimento para a cura, também, foi repetido.

Não é que o Rochedo todas as vezes que passava em frente ao armazém, deitava-se no chão, levantava as pernas e começava a rolar à espera das cervejas?

Burrinho esperto!

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Murilo Vidigal Carneiro

Calambau /março/2014

murilo de calambau
Enviado por murilo de calambau em 17/03/2014
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