O CAIPIRA EO MOSQUITO DA DENGUE


Como sempre os salões de cabeleireiras e barbearias são locais onde rolam as mais variadas fofocas sobre a vida alheia. Essa é uma tradição que vem de longos tempos, como sendo o prato do dia em tais estabelecimentos. Muitos assuntos chegam a ser divertidos como pude constatar a poucos dias enquanto aguardava minha vez de ser atendido num salão de barbeiro.
O assunto principal estava focado na falta de chuva e suas conseqüências. Quando alguém afirmou que pelo menos, uma coisa boa está acontecendo com esta estiagem que se alonga, o mosquito da dengue não está disseminando a doença, não tendo água para formar seu criatório, a sua procriação se tornou impossível.
Um matuto que estava sendo atendido respondeu de sua cadeira com certa sabedoria:
Criatório tem e muito, mas o sol ta tão quente que os ovos do mosquito em vez de chocar tão sendo cozinhados!
--Uai João Peroba sabe que ocê tem razão sô, eu não tinha pesado nisso, e tem sentido sim, a água chega a ferver no reservatório, tão quente que ta o sol--, e falando nisso como cê ta João, melhorou da próstata?
Agora eu tô bão, mais passei um mau pedaço quessa danada, pra num falá na vergonha de tolerar um o home me infiá o dedo no buraco.
-Ocê fez a operação cortou o pedaço que num prestava?
--Uai segundo falô o doutor ele achou mió secá a danada, disse que é mais garantido. Purinquanto eu tô assim meio cabrero, com o meu negoço, num to dano sinal de vida não, to achano quel secô mais alguma coisa que num divia.
Uns três ou quatro jovens que se faziam presentes começaram a urdir comentários a respeito da impotência do matuto, com diversas piadinhas e insinuações maldosas. Ele ouviu tudo passivamente. Terminado o corte de seu cabelo ele desceu da cadeira enfiou a mão no bolso pagou sua conta, agradeceu o profissional e saiu foi até a rua, voltou, chegou o rosto na porta entre aberta e disse: -- óia cambada de viado ocêis tão me gozando purque num é home coisa niuma acha é bão que um doutor infia o dedo noceis, se oceís fosse home, cada um dóceis tinha uma prosta pra um dia fazê oceis passar o mesmo que eu passei já viu cambada desocupada dos infernos...!
Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 21/03/2014
Reeditado em 21/03/2014
Código do texto: T4737900
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