Pinóquio Político

Nono Gepeto era um velhinho simpático, marceneiro por profissão, que era chamado assim mais por aparentar do que por ser um avô de verdade; apesar de ter inúmeras qualidades, o artesão jamais encontrara uma dona que aceitasse formar com ele uma família; era bonzinho, simpático, mas quando dizia que trabalhava com madeira, falavam:” muito honrada profissão”, e se mandavam, pois naquela terra estavam atrás só de príncipes encantados.

Ele foi envelhecendo e, triste, pois a família cobrava: “todos os Gepettos casaram, só você não, ma chê!”. Além disso ,o instinto paterno existia; a mamma( mais velha ainda que ele) pedia um neto, aí , em vez dele procurar a solução tradicional, não, pegou um pedaço de toco mágico, que vendiam pela internet, e começou a esculpir seu filho adorado. Mas o que ele não sabia era que mandaram um toco com defeito e , como o procon não funcionava na terra encantada, deixou por isso mesmo; e o moleque era muito malcriado; chamava ele de Gegê, de Velho, na maior falta de respeito.

O bondoso Gepeto, fez o que pôde para educar o menino de pau, comprou-lhe uma cartilha e mandou-o para uma escola do Estado, pois era pobre, mas lá viviam em greve, quase não tinha aula e Pinóquio se meteu com uns moleques que não eram boa coisa; armou a maior confusão e acabou expulso da escola, pois caçoavam dele; chamavam-no de perna de pau e não o aceitavam no time.

Aí é que ele virou um moleque revoltado; não sabia quem era a mãe e queria ser gente; quer dizer, queria ganhar muita grana. Gepeto dizia: “seja um menino bonzinho, senão o nariz cresce”. “Quá, quá, quá”- não acreditou, aí começou a falar mentiras, e o nariz crescendo...O bom Gepeto falou que era coisa da puberdade e quis pôr panos quentes, porém sabia que o moleque era um tremendo de um mentiroso: ”mas que toco que foram me mandar...”

Quando parecia tudo perdido ,Pinóquio estava em seu quarto e fazia um calorão; estava abafado, então, abriu a janela; daí entrou pela janela um grilo verde, fazendo o maior barulho; Pinóquio ficou fulo, e já ia dar-lhe uma chinelada, quando o grilo começou a falar:

-Oi, Eu sou do PGF, partido do grilo falante; eu prometo que vou construir escolas, creches, aumentar o salário mínimo...eu prometo...

Pinóquio já ia lhe dar de vez uma chinelada, quando o grilo, com medo, falou:

-Q-quer ser meu correligionário?

-Corre, o quê?

-Correligionário; você, com esse narigão, é perfeito pro meu partido...

E Pinóquio foi um sucesso nos comícios; falava um monte de mentiras, e todo mundo acreditava. Concorreu a uma vaga no castelo encantado e ganhou fácil e, aí ninguém mais reparava no nariz. Gepeto estava muito orgulhoso e a família toda também, aí , pra ele ser gente, só faltava a fada madrinha, que ele encontrou numa balada; era realmente uma fada; casou, teve muitos pinoquinhos e viveram felizes para sempre, no reino da mentira.