VAI UM CIALIS AÍ?

_ Mas cumadre, que saia-justa eu passei! Vou te contar.

_ Oxe cumpadre, deixe de trelelê, a saia fica comigo. Virou bicha, foi?

_ Muié, ocê tá falando besteira. Tô aqui aperreado e ocê ainda me vem tirar sarro da minha cara!

_ Eu tirando sarro com a sua cara? Afff, agora quem não tá entendendo nadinha sou eu.

_ É melhor eu explicar logo pra essa muié: criatura, a dona “encrenca” lá de casa, a sua amiguinha, não me deixa em paz. Sabe o Cialis?

_Sei não, é o novo morador?

_ Essa conversa tá parecendo de bêbado.

_ Como assim, cumpadre? Não me perguntou se eu conhecia o tal Silas. Eu sei lá quem é esse brocha.

_ Ô peste de muié abestalhada! Eu falei Cialis, não Silas. Mas é aí que quero chegar, cumadre; é na brochura mesmo.

_ Oxe, explica isso de uma vez, que já tá me deixando agoniada, Zé.

_ Óia Zefa, a Juju anda tão fogosa urtimamente, que pra dá conta do recado, eu tive que recorre ao Cialis.

_ Virge Maria cumpadre! Ocê chamou outro homi pra dormi com a sua muié?

_ Ora, deixe de bestagem, Zefa! Por acaso ocê num sabe que Cialis é um remédio pra..., pra...

_ Pra quê? Desembucha logo, homi.

_ É um remédio para dar mais vigor, mais disposição. Ando muito cansado por causa do trabaio, num sabe? Queria fazer uma graça pra Juju. Liguei pra ela e disse: “muié, se prepara que hoje tem”...

Cumadre, tava animado igual pinto de manhã cedo; era hoje que a coisa ia ferver; a Jujuzinha, meu cajuzinho do sertão, que se preparasse, muié danada de fogosa! Mas óia, alegria de pobre dura pouco, não gosto nem de lembrar.

_ Oxe, como não gosta de lembrar? As coisas boas a gente tem prazer de lembrar, homi. Só assim a cumadre tirou a barriga da derrota. Isso tá ficando bom, conte, conte logo homi de deus.

_ A desgraça foi total, aquele mequetrefe do balconista da farmácia me enganou. O safado me vendeu uns comprimido feito de farinha colorida. Bem que eu desconfiei que tava muito barato.

_ Vigi cumpadre, é uma desgraça mesmo! Ocê encheu o bucho de farinha e achou que ia fazer a cumadre ver o passarinho verde.

Na hora do vamo vê com a jujuzinha, a coisa ficou pior do que antes, imagine com o bucho cheio de farinha, isso é uma catástrofe! Ocê brochou feio, num foi? .

_ Pior que brochei mesmo, cumadre. Ela tirou a roupa, fazendo aquele tal de “estipetise” e veio pra cima de mim toda fogosa. Aí eu tirei a minha roupa também e joguei minha muié na cama. Mas o instrumento não deu nem sinal.

_ Primeira vez, cumpadre?

_ Nada, cumadre.

_ Ah, coitada da minha cumadre! Bem que eu avisei ela que isso era mal de família.

NOTA: o presente texto é fruto da parceria criativa com a poetisa amiga Maria Mendes. A ela o meu sincero agradecimento pela possibilidade de interagir com as suas personagens.