QUINZINHO E SEU COMPADRE SURDO
Quinzinho do Gamelão contando mais um causo:
-Gente, eu fico bobo quando venho na cidade e vejo esses carro cum som ligado, pareceno aquelas carreta de carnaval, isso faiz mal pros uvido, a pessoa vai ficano surda sem apercebê...
Bebeu um gole de vinho de jurubeba e falou:
-Pur falá em surdo, me alembrei dum cumpade meu que morava lá no Gamelão...Ele já tava de idade, vivia numa pobreza danada e ficô surdo que nem um tiú...Morava num ranchinho de sapé, num terreno que um fazendero patrão dele deu prá ele disfrutá. Vivia cum o que prantava e cuía.
Bebeu outro gole, deu uma cuspida e continuou:
-Uma veis eu passano de a cavalo perto do rancho dele, vi ele num mandiocal rancano mandioca. As mandioca num tava no ponto, tava finininha, fininha, mais ele coieno assim mesmo. Passei perto dele cumprimentei ele:
-Tarde, cumpade.
Ele já cus braço cheio de mandioca, pareceno uns gravetinho respondeu. Aí eu alembrei que a cumade, patroa dele tava meio perrengada e priguntei pur ela:
-E a cumade, cumpade, tá boa?
Ele num intendeu direito e respondeu:
-Num tá boa ainda não mais vô cumê assim memo...
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