Uma esperança!

Mini crônica da casa nova

Era umas seis horas de manhã quando abri a porta do apartamento para descer com o lixo, e de cara uma grata surpresa: uma esperança! Recebi o animal com um cordial sorriso e o cumprimentei “ Oi! Bom dia esperança! Como você é linda! Quer entrar?” Deixei a porta aberta para enfatizar o convite. Ela não se moveu. Continuei com os afazeres domésticos, mas não me esquecia dela. De vez em quando abria a porta, chegava perto, tentava puxar uma conversa. Olhei bem em seus pontinhos pretos de olhos comoventes, e vi sua áurea: que coração bom, que verde vital, animalzinho fofo e gente fina! Insisti com o convite. Falei que ela poderia morar comigo, tem as plantas para seu abrigo e alimento. Apenas me olhava despretensiosamente, não tão imóvel apenas pela antena longa e fina que movia de um lado a outro, como que se comunicando e me analisando. Várias vezes intencionei pegá-la e trazê-la para dentro, mas a dúvida de incomodar a liberdade da esperança me fazia hesitar. A vizinha saiu e testemunhou minha súplica “estou há horas convidando a esperança para entrar, e ela nem entra nem vai embora” disse. A vizinha foi sucinta: “ porque você não a pega?” expliquei que ela podia interpretar a abordagem como um gesto violento, assustando-a, além do mais, iria interferir em sua liberdade. Ela me olhou meio incrédula, se aproximou do animal, e sem qualquer cerimônia agarrou o inseto que voou e pousou em sua blusa. A menina entrou em minha casa e com a mão empurrou a esperança para o chão. Fiquei feliz, era uma honra tão especial companhia! A esperança ficou apenas dois dias comigo. Discreta, delicada, extremamente educada e sensata. Veio de passagem, mas eternizou uma alegria de lembrança. Nunca mais me esquecerei da esperança.

Shauara David
Enviado por Shauara David em 08/09/2014
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