"SEU LELEU O CAIPIRA QUE NÃO GOSTAVA DE TRABALHAR

Leleu era aquele caipira matreiro, manhoso, que vivia em um dos cafundós de Minas Gerais. Gostava de viver na “maciota”. Seus pais além das vacinas: anti-tetânica, contra febre amarela, contra hepatite, Sabin, também devem ter lhe dado uma contra o trabalho...

Seu nome era Jubileu, mas lhe fizeram um hipocorístico reduzindo seu nome a “Leleu”. Gostava de jogar cartas (apostando) beber pinga e pitar fumo de rolo. Tinha um pequeno sítio que muitas vezes alugava o pasto para criadores da região. Gostava também de umas catiras. Catira em nossa região, além de uma lúdica dança, são também pequenos negócios como trocas e barganhas. Sua esposa sempre o admoestava:

-Cria vergonha, veio, vê se trabaia, oia o exempro pros nossos fio...

Qual o quê, ele não se emendava, estava sempre sentado a uma mesa na venda do Miguelão, pendurado em um baralho e uma garrafa de pinga.

Sua filha mais velha, bela mocinha, arranjou um pretendente. Naqueles tempos, o rapaz antes de pegar na mão da namorada, pegava primeiramente na do sogro, e pedia a moça em namoro, para posteriormente pedi-la em casamento. O rapaz encontrou com ele perto da venda e educadamente pediu a moça em namoro, dizendo:

-Seu Leleu, o sinhor não me cunhece, mas vô me apresentá pro sinhor, sô fio do João Carneiro, sou trabalhador, honesto, não fumo, não bebo, não tenho ninhum vício...Vim pidi pro sinhor deixá eu namorá cum a Mariazinha...

Leleu respondeu bruscamente:

-De jeito ninhum, dexo não...

-Mais pur que, seu Leleu, já falei das minha qualidade, pode priguntá pra quarqué um daqui da região...

-Pur isso mesmo que num dexo...

-Não tô intendeno o sinhor...

-É o siguinte, minha patroa veve me importunano, dizeno que eu num trabaio, se ocê namorá cum minha fia ela vai falá:

-Vê se cria vergonha e segue o exempro de nosso genro...

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