A EPIFANIA DO ATEU

Desde os tempos de neném

nunca havia dito amém.

O seu corpo libertário

não continha alma refém

de nenhuma crença antiga,

que tratava com desdém.

Seguiu sempre sem batismo,

sem crer numa vida além,

sem ter páscoa nem natal,

nem estrela de Belém.

Toda a fé que não tivera

viu um dia, em si, porém,

quando pifou o seu carro

sobre uma linha de trem.

Alexandre Basso
Enviado por Alexandre Basso em 17/08/2015
Reeditado em 16/01/2019
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