O ESPETÁCULO DÁ VIDA - capítulo X

CALMA AÍ PESSOAL!

Dentro do trailer estava havendo uma guerra, também, ia seu Italiano, Gage, Mara, Lilie, Richard, as gêmeas e Pulguento, mais as malas, todos!

- Isso aqui tá muito apertado! - disse Richard, exrimido.

- Também, a Mara ocupa todo espaço! - falou Gage.

- Alguém pediu a sua opinião? - perguntou a gorda.

- Calma aí, pessoal! - falava seu Italiano - estamos quase chegando.

No meio da viagem, o pneu do trailer furou, então Richard tratou de trocá-lo enquanto os demais se esticavam e se recuperavam do aperto e desconforto da viagem, também aproveitaram para apreciar a bela paisagem, as serras verdinhas lá longe e os passarinhos pousando sobre as fiações.

- Acabei de falar com Lorde pelo celular - disse seu Italiano -, ele disse que vai estar nos esperando em frente ao hospital onde a filha está internada.

- Que bom - falou a gorda.

- Ande logo com isso, Richard! - disse Italiano, com o rapaz - parece até que é a primeira vez que troca um pneu!

- É a primeira vez! - disse o rapaz.

Enquanto isso, Gage desviou-se da turma para aproximar-se de Lilie, ela estava de pé, na beira da estrada deserta.

- Oi! - disse Gage, surgindo de surpresa ao lado da bailarina.

Lilie sorriu para ele.

- Sabe o que eu mais gosto em ser do circo? É que conhecemos lugares novos a todo instante e também paramos e podemos apreciar as paisagens - falou Gage.

A bailarina meneou positivamente a cabeça e fitou as andorinhas cruzando o céu.

- E sabe o que é mais bom ainda? - continuou Gage - é que sempre viajamos juntos e se ficamos perdidos ficamos juntos, e se temos que seguir a pé seguimos juntos... É muito bom tudo isso!

Lilie expressou felicidade e, como quem queria se divertir, ela tomou o chapéu de Gage. Ele tentou pegar o chapéu de volta, mas a bailarina correu e Gage foi atrás dela. Ficaram correndo pelo campo e foram parar longe, quando finalmente Gage conseguiu agarrar Lilie pela cintura e ela devolveu-lhe o chapéu. Eles riam e Gage quis beijar Lilie, mas ela correu de novo e ele ficou ali com cara de bobo, porque era apaixonante vê-la correr alegremente.

VIAGEM TRANQUILA

Por fim, Richard trocou o pneu do trailer e já estava todo sujo de graxa. Ele limpou as mãos e enxugou o suor da testa.

- Ufa! Pronto, resolvido - Richard disse.

- Até que enfim! - exclamou seu Italiano - nunca vi um homer sofrer tanto só por trocar um pneu.

- Agora podemos nos mandar - falou a gorda, entrando no veículo.

Então entraram as gêmeas, Pulguento, Richard... Mas seu Italiano se deu por falta de alguns.

- Onde estão Lilie e Gage? - perguntou ele.

- Sei lá - disse Richard.

E não teve outro jeito, eles tiveram que esperar os dois voltarem para poderem seguir viagem. Meia hora depois, quando todos já estavam impacientes e cansados de esperar, aparecem Gage e Lilie, sorrindo como duas crianças cheias de doces.

- É... Acho que já estavam nos esperando - disse Gage para Lilie.

- É, estávamos - ralhou Italiano e se levantou da pedra em que estava sentado e uma dor tremenda pode sentir no bumbum.

- Podemos ir agora? - perguntaram as gêmeas.

- Vamos logo, antes que anoiteça - falou Italiano.

E todos entraram no trailer e seguiram seu destino, voltando com as reclamações e com o desconforto e ainda por cima, Pulguento não parava de latir e de lamber o pessoal.

- Oh não, a gorda soltou um pum! - disse Richard.

Fora tudo isso, a viagem foi tranquila.

UMA HUMILDE CARONA

Como as estradas eram perigosas ao anoitecer, os artistas preferiram passar a noite num povoado entre a cidade de Felicidade e Porto Seguro, até que o sol raiasse. Dia seguinte, bem cedinho, antes mesmo do galo cantar, todos se puseram de pé e partiram para Porto Seguro.

Já estavam bem próximos da cidade e não viam a hora de reencontrarem Lorde e dar-lhe o dinheiro da cirurgia da filha. Quando o trailer do circo passava por uma rua, um homem na calçada esticou o braço e seu Italiano parou o trailer. O homem implorava por uma humilde carona, pois disse que estava sem dinheiro para pegar o ônibus e que precisava urgentemente voltar para casa, e como seu Italiano tinha um coração muito bom, concedeu a carona. No trailer, Gage conversava aos cochichos com a gorda e segurava firmemente a caixinha de dinheiro.

- Puxa, estou ansioso para ver a cara de Lorde quando ele ver que conseguimos o dinheiro - disse Gage.

O homem que pegava carona com eles, ouvia a conversa de Gage e seu Italiano percebeu e fez um gesto pelo espelhinho para que Gage guardasse a caixinha. Mas, antes que Gage a guardasse, o homem agarrou-a ligeiramente das mãos de Gage.

- Vacilô, palhaço! - disse o homem e saltou do trailer.

- Volte aqui com isso! - gritava Gage, correndo atrás do ladrão.

Seu Italiano pisou fundo no acelerador e perseguiu o ladrão pelas ruas, atravessando o sinal vermelho, andando pela contra mão, derrubando as barraquinhas de frutas nas calçadas e ultrapassando o limite de velocidade! O ladrão era ágil, como um leopardo sendo perseguido, e Gage era fraco, como uma tartaruga na menopausa.

- Eu pego ele! - falou Richard, pulando do trailer e correndo para o outro lado da rua. O ladrão vinha se aproximando e Richard, com uma tocha acesa, fechou a rua com fogo, mas não deu em nada, no que o ladrão saltou por cima de um caminhão e conseguiu ultrapassar o fogo. Gage também não pode alcançá-lo, pois não tinha mais fôlego para correr, só que Italiano continuava a perseguição com o trailer e quando já estava bem perto de alcançar o ladrão, a viatura da polícia enconstou no trailer e os obrigou a parar.

- Ali, um ladrão! Ali! - gritava seu Italiano para o policial, ao passo que o ladrão já ia longe.

- Sua carteira de identidade - disse o policial.

- Mas, lá está indo o ladrão!

- Vai me mostrar sua carteira ou quer ser preso?

Seu Italiano olhou decepcionado para o policial e mostrou seus documentos. O policial verificou o documento e em seguida fitou os artistas.

- De onde vocês são? - o policial perguntou.

- Somos do circo - respondeu Italiano.

- Quero saber de que cidade.

- Ah, bom... Eu sou de Vila Velha, mas nasci na Itália, elas duas são de Rio Dourado, a outra é de Luzinha - dizia apontando para cada um - e o cachorro eu não sei, porque o encontrei na rua, então...

- Tá, tá! E posso saber por que tanta pressa?

- Agora eu posso dizer? Porque um ladrão acabou de sair correndo depois de nos roubar!

- Um ladrão? Por onde ele foi?

- Ah, agora ele já deve está em Miami.

- Vou acionar a tropa para que cerquem a... Você disse... Miami?

- É, porque... Com o dinheiro que ele roubou da gente... Dá para fazer um boa viagem.

- E foi mais ou menos quanto?

- Uns dez mil.

- E posso saber onde vocês arranjaram tanto dinheiro?

- Ora, no circo! Onde mais seria?

- Humm... Preciso deixar essa profissão - murmurou o policial -, bom... Avisaremos se conseguirmos encontrá-lo. Ah, e tome cuidado para não ultrapassar mais a velocidade, o número de acidentes no trânsito tem aumentado bastante.

A viatura da polícia seguiu em frente e seu Italiano caiu em desânimo.

- E agora? - ele dizia em lamúria - o que vou dizer à Lorde? Que o Pulguento engoliu a caixinha de dinheiro?

- Calma, Italiano - a gorda o consolava.

- Calma? Levamos dias para conseguir aquele dinheiro! Suamos muito! E nem é isso que me incomoda, mas a situação da filhinha de Lorde... E de repente, vem um vagabundo desse e rouba o nosso dinheiro e você pede para eu me acalmar?

- A polícia vai atrás dele...

- E quem garante que eles o alcançarão?

- Mas, e se alcançarem? Vamos ficar aqui e esperar.

Continua...

Lyta Santos
Enviado por Lyta Santos em 03/10/2015
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