A degredada filha de Eva

De tanto ouvir sua mãe falar que ela era uma verdadeira degredada filha de Eva, seu filho de 17 anos resolveu consultar o dicionário e descobriu que degredada significava exilada, expatriada, proscrita, banida.

- Se Eva não tivesse tremido o calcanhar eu não estaria sofrendo tanto. Não só eu, todas as mulheres. Carregar um filho na barriga nove meses, parir, lavar tudo todo santo dia, vige santa!

E o filho ironicamente corrigiu: - A senhora quer dizer se Eva não tivesse aberto as pernas?

- Que seja.

- Mas mãe, não foi só culpa de Eva. Adão...

- Adão fez o que qualquer homem faria, disse ela.

E continuou.

- Mas namorei seu pai por dois anos e dois meses e não cedi. E olha que a insistência foi grande. Principalmente depois que noivamos. Ele pensava que esse compromisso lhe dava o direito de... Ah, sim!

-Mãe, a senhora sabe que a carne é fraca.

- Fraca? Só para os fracos de espírito!

- Ih, mãe, não me venha que essas frases de efeito.

- Tudo foi ‘efeito’ para nós, mulheres, sofrer.

- Mãe, e quem pode provar que foi isso mesmo que aconteceu? Que Deus expulsou Adão e Eva do Paraíso porque eles tiveram uma relação. Mas se eles não fizessem isso, a Terra não seria povoada, nós não estaríamos aqui...

-Cale a boca! Você não sabe nada. Deus não queria que fosse naquele momento (ou daquele jeito, não sei...) e disse para ambos não comerem os frutas daquela árvore, mas Eva achou que uma fruta tão bonita, saborosa e atraente...

- Mãe, quem achou que aquela fruta poderia ser saborosa foi o Adão!

- Cale e boca e ouça.

Nesse momento bate à porta um vendedor de maçã, daquelas bonitas, saborosas.

E mesmo reduzindo o preço em 50% o vendedor não realizou a venda.

E o filho concluiu que a mãe não odiava somente Eva, maçã também.