Presepadas de Juca! 2

Juca na festa

Algumas vezes eu gosto de beber um pouquinho. Sei o meu limite, depois que passo dele as coisas acontecem distorcidas e acabam de forma não convencional.

Uma vez fui convidado para uma festa. O tema desta era “festa brega”. Fiquei imaginando o que seria este tema até um conhecido dizer que era o meu estilo, não precisaria me preocupar, pois eu me vestia do jeito que o pessoal da festa queria. Coloquei minha “beca” e me dirigi até a referida comemoração com o endereço em mãos.

Peguei o ônibus e me sentei numa poltrona quase no final do corredor. Senti um olhar de escândalo das pessoas que estavam no veículo. Achei que era por causa de minha combinação no visual. Meu terno verde limão, com uma bermuda cenoura e uma belíssima camisa com listras azuis e lilás. Para completar um lindo chapéu turquesa com uma pena de ganso incrustada em sua aba. Minha maravilhosa Beca de todas as baladas.

Desci no bairro aonde aconteceria a festa. No meu bilhete estava escrito: c. 8 c. 19. Demorei um pouco para entender até que vi uma aglomeração em frente a casa 19. Perguntei o endereço e fui informado que ali era o conjunto 8, casa 19. Fui entrando e perguntando onde estava meu conhecido, para eu não ficar deslocado no ambiente. Reparei que a maioria das pessoas vestiam roupas brancas. Era um festival de claridade. Mulheres com vestidos grandes e brancos, senhores com calças e camisas claras e crianças vestidas com roupas alvas. Reparei que todos me olhavam e um rapaz saiu do meio de uma roda de conversa e apontou para mim gritando:

- Olha o Zé Pelintra!!!

Depois começou um batuque e todos começaram a dançar em volta dos tambores. Foi aí que me dei conta de que ali era um terreiro de candomblé. Fiquei meio sem graça e percebi que havia me enganado com o endereço. O bilhete queria dizer que a festa era no conjunto 19, casa 8. Dancei um pouco e saí de fininho daquele local. Andei um bocado, até que encontrei meu conhecido em frente a rua do conjunto 19. Fomos entrando e antes do primeiro gole, eu já avistava uma garota loira e magra dando bola.

Na primeira garrafa, a loira já encarava e eu a olhava com “olhos famintos”.

Na segunda garrafa, ela continuava encarando.

Na terceira garrafa ela encarava e piscava. Eu piscava de volta achando que ia me dar bem.

Na quarta garrafa ela encarava, piscava e acenava.

Na quinta garrafa, ela encarava, piscava, acenava e mandava beijos. Eu retribuía mandando beijinhos e pedindo um abraço.

Na sexta garrafa, ela encarava, piscava, acenava, mandava beijos e cruzava as pernas. Aquilo me deixava “super elétrico”.

Na sétima garrafa ela encarava, piscava, acenava, mandava beijos, cruzava as pernas e me chamava com o indicador.

A oitava garrafa tomei na fila do banheiro. Quase fiz nas calças, pois estava com a bexiga cheíssima.

Na nona garrafa a loira encarava, piscava, acenava, mandava beijos, cruzava as pernas, me chamava com o indicador e abaixava o decote.

Na décima garrafa ela encarava, piscava, acenava, mandava beijos, cruzava as pernas, me chamava com o indicador, abaixava o decote e mostrava o sutiã. Acho que era cor de palha.

Na décima primeira garrafa ela encarava, piscava, acenava, mandava beijos, cruzava as pernas, me chamava com o indicador, abaixava o decote, mostrava o sutiã e fazia “biquinho” com a ponta da língua em seus lábios.

A décima segunda garrafa tomei atrás de uma moita, pois o banheiro estava lotado e a bexiga estava para estourar mais uma vez.

Na décima terceira garrafa a loira encarava, piscava, acenava, mandava beijos, cruzava as pernas, me chamava com o indicador, abaixava o decote, mostrava o sutiã, fazia “biquinho” com a ponta da língua em seus lábios e depois descruzava as pernas abrindo-as um pouco.

A festa ia às mil maravilhas eu estava totalmente animado e “anestesiado”.

Acordei no outro dia, a tarde, com o barulho do telefone. Cambaleando e com a cabeça pesando uma tonelada, fui atender o aparelho pensando em onde estava e como cheguei até ali. Constatei que estava em casa e levantando o gancho do telefone falei:

- Alô?!?

Escutei uma voz conhecida dizendo:

- Juca? É você?

Demorou um pouco para eu lembrar meu próprio nome, mas respondi:

- Sim.

A voz do outro lado da linha do telefone retrucou:

- “Pô” Zé Pelintra, você não vai devolver minha vassoura?!?

Marcelo Pompom
Enviado por Marcelo Pompom em 30/10/2015
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