A CALCINHA E O SUTIÃ

O sutiã é um par de folhas

Que num belo parreiral

Cobrem dois cachos de uvas

De um sabor sem igual,

Valorizando o pomar

E aquele que o visitar

Fica freguês do quintal.

Quando vejo no varal

Um sutiã dependurado,

Sobretudo se estiver

Com uma calcinha ao lado,

Atrás dum pé de mamona

Eu já vou amar a dona

Que me dá todo agrado.

Pulei num galho errado

Só uma vez e caí:

Ao ver esses apetrechos

Eu logo neles buli,

Apresentou-se a dona

Que era uma bichona

E quis me agarrar ali.

Eu ainda era guri,

Mas aprendi a lição:

Não só o ouro reluz,

Também brilha o tição,

Este queima e faz arder,

Bom mesmo é se precaver

Antes de botar a mão.

Participei dum leilão

E foi triste a sorte minha,

Por bom preço arrematei

Um sutiã e uma calcinha;

Me aprontaram uma dessas,

Soube depois que as peças

Eram de uma velhinha.