Quem lembra do Pataco Taco?
QUEM LEMBRA DO PATACO TACO?
Miguel Carqueija
Lá pela década de 70 eu e minha mãe escutávamos muito o programa humorístico da Rádio Tupi “Maré mansa” que reunia comediantes célebres naquele tempo, como Zé Trindade, Matinhos e Brandão Filho. Um dos quadros era do índio Pataco Taco e seu chefe indagador.
Não descobri quem criou os personagens, que depois chegaram à televisão (mas não lembro de ter assistido, de há muito deixei de ver os humorísticos brasileiros, por ruins demais e por falta de tempo idem). Mas era um dos melhores quadros do programa radiofônico. Também não sei dizer quem eram os comediantes (podem não ser os mesmos da tv (Paulo Silvino e Orlando Drummond). Mas era muito engraçado, com sátira social. Lembro algumas das anedotas, sempre em diálogo:
— Pataco Taco!
— Hum?
— Que coisa é aquela adiante, ocupando a rua?
— Ah, Chefe, aquilo ali é feira livre!
— Que coisa feia! Por que é que permitem uma coisa dessas atravancando a rua?
— Chefe, a feira-livre é pra vender comida mais barata pro povo.
— E vende comida mais barata pro povo?
— Não, Chefe. Vende mais cara!
— Mas então, se isso não funciona, porque é que permitem?
— Mim não sabe explicar, Chefe. Mim não ser civilizado!
............................................................
— Pataco Taco!
— Hum?
— Que fila é aquela lá adiante?
— Chefe, aquilo ser fila de cinema. Pessoal vai ver filme!
— Mas Pataco Taco... eu estou notando que nessa fila todo mundo está de roupa. É assim mesmo?
— É isso mesmo, Chefe. Pra entrar no cinema tem que estar com roupa. Sem roupa não entra!
— Mas pra que isso, Pataco Taco, se no filme que esse pessoal vai ver tá todo mundo sem roupa?
— Chefe, isso mim não compreende. Mim não ser civilizado!
..................................................
Pois é, gente. Assim era o Pataco Taco. E uma coisa mim garante: até mim, que ser civilizado, não entende muita coisa dessa nossa sociedade brasileira...
Rio de Janeiro, 5 de abril de 2016.
QUEM LEMBRA DO PATACO TACO?
Miguel Carqueija
Lá pela década de 70 eu e minha mãe escutávamos muito o programa humorístico da Rádio Tupi “Maré mansa” que reunia comediantes célebres naquele tempo, como Zé Trindade, Matinhos e Brandão Filho. Um dos quadros era do índio Pataco Taco e seu chefe indagador.
Não descobri quem criou os personagens, que depois chegaram à televisão (mas não lembro de ter assistido, de há muito deixei de ver os humorísticos brasileiros, por ruins demais e por falta de tempo idem). Mas era um dos melhores quadros do programa radiofônico. Também não sei dizer quem eram os comediantes (podem não ser os mesmos da tv (Paulo Silvino e Orlando Drummond). Mas era muito engraçado, com sátira social. Lembro algumas das anedotas, sempre em diálogo:
— Pataco Taco!
— Hum?
— Que coisa é aquela adiante, ocupando a rua?
— Ah, Chefe, aquilo ali é feira livre!
— Que coisa feia! Por que é que permitem uma coisa dessas atravancando a rua?
— Chefe, a feira-livre é pra vender comida mais barata pro povo.
— E vende comida mais barata pro povo?
— Não, Chefe. Vende mais cara!
— Mas então, se isso não funciona, porque é que permitem?
— Mim não sabe explicar, Chefe. Mim não ser civilizado!
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— Pataco Taco!
— Hum?
— Que fila é aquela lá adiante?
— Chefe, aquilo ser fila de cinema. Pessoal vai ver filme!
— Mas Pataco Taco... eu estou notando que nessa fila todo mundo está de roupa. É assim mesmo?
— É isso mesmo, Chefe. Pra entrar no cinema tem que estar com roupa. Sem roupa não entra!
— Mas pra que isso, Pataco Taco, se no filme que esse pessoal vai ver tá todo mundo sem roupa?
— Chefe, isso mim não compreende. Mim não ser civilizado!
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Pois é, gente. Assim era o Pataco Taco. E uma coisa mim garante: até mim, que ser civilizado, não entende muita coisa dessa nossa sociedade brasileira...
Rio de Janeiro, 5 de abril de 2016.