NEM TÃO HOMEM E NEM TÃO MULHER.
 
Nestes dias tão conturbados por tantas notícias ruins, resolvi postar de novo, este texto de humor, já publicado anteriormente em 2012. Apenas fiz algumas pequenas modificações, dando-lhe maires informes sobre o filme.


Toda mulher tem um pouco, ou um pouquinho de homem e vice-versa. Estudos comprovam pelo menos pela formação de seus corpos. Outro dia eu vi um senhor que se parecia muito com uma avó. Seus cabelos brancos e seu rosto com escassez de barba e fios de bigode, fizeram-me pensar assim.

Por outro lado, eu me lembrei de um filme italiano, uma ótima comédia lá da década de 60, que assisti há muitos anos. Parece-me que ele se chamava VEJO TUDO NU (VEDO NUDO), 1969, dirigido por Dino Risi, com Nino Manfredi.

Num dos episódios do filme, um homem de nome Carlo Alberto se correspondia há alguns meses, com uma mulher que dizia chamar-se Ornella. Trocaram fotos e toda semana uma carta chegava e outra era enviada.

Um dia resolveu ir ao seu encontro, queria conhecê-la pessoalmente. Viajou por mais que cinco horas. Ao descer do ônibus na pequena rodoviária, ele não viu mulher alguma. Em poucos minutos, um moço se chegou a ele e disse ter um recado de Ornella. Ele explicou que ela (Ornella) não pôde vir ao encontro porque a tia havia sido hospitalizada às pressas. Carlo Alberto ficou sem saber o que fazer. Depois de um pouco de conversa e de tomarem um café “espresso”, o moço, que havia se apresentado com o nome de Ettore, ofereceu seu apartamento para o tal viajante se hospedar até ter que voltar para casa. Carlo Alberto acabou aceitando o gentil convite. Afinal, naquela situação não havia razão para não aceitar!

Tudo se transcorria de modo natural, Ettore era bom cicerone. Refeições foram servidas, conversaram, jogaram baralho e ouviram músicas italianas.

O visitante notou que sobre os móveis e nas paredes, como em todas as residências de italianos, havia muitos porta-retratos e quadros com fotos dos familiares. Apontou para um deles e perguntou se aquela foto era de seu avô. Ettore respondeu com orgulho:- “Não, é de MINHA NONA”. - Um pouco depois, ele se chegou perto de uma tela grande que enfeitava a parede e quis saber se aquela bela mulher era sua mãe. Ao que Ettore respondeu com alegria:- “Este é MEU PAI”.

Carlo Alberto resolveu não perguntar mais nada porque ficara todo atrapalhado. Eles passaram mais uma hora jogando cartas e então já estava beirando vinte e duas horas. O hóspede começou a sentir o cansaço pela viagem e disse que gostaria de ir dormir. Ettore prontamente foi ao quarto de visitas para aprontá-lo. - Dirigiu-se também à cozinha e preparou um chá. Colocou o bule numa bandeja com bela toalha e guardanapo bordados, mais uma xícara de porcelana e alguns biscoitinhos. Deixou tudo sobre a mesinha do quarto.

Carlo Alberto foi ao banheiro se preparar para dormir. Logo voltou ao quarto e estava tomando o chá quando Ettore apareceu junto ao batente da porta e disse:- “Tenha uma boa noite, Carlo Alberto.” - Quando estava para fechar a porta do quarto, ouviu o hóspede dizer:- “Obrigado por tudo e boa noite, Ornella”.
Deyse Felix
Enviado por Deyse Felix em 05/06/2016
Reeditado em 05/06/2016
Código do texto: T5658253
Classificação de conteúdo: seguro