Eucridis e o cumpadre Onéis


Lá pelas tantas, já depois das seis, quando as mulheres e os filhos já se recolhem, na noite  do sertão, dois compadres, Euclides e Onézimo,  ensejam os últimos dedinhos de prosa, antes de irem dormir.

-Ô! Onéis
- Quié Eucridis, cê tá cabrunhado, tá com argum pensamento, caraminholando na cabeça
- Antes cesse cumpádi, é bem pió, tô achando que Leninha, me ponhô uns chifre
- Quequé iss cumpádi, a cumádi Leninha, tem os frei riado inhocê, desdi novim, devi di se, fofoca, dessas biata lá da paróquia, num tem hômi bão, intão ficam inventando história, dê gosto não, a cumádi é muié honesta, dereita e trabaiadeira, ocê crê nis mesmo?
- Sei não, Leninha anda que é suspiro só, só viela anssim, quando nós juntô os pano de bunda no vará, adepois mais não, sei não...tá filiz dimais, eu nem ando dando conta do recado na cama, nus tempu detrás pra esse...tô inté bebeno uns chá das erva pra aumentá as força
- Ié! Cumpádi ocê num tinha me contado iss ainda, mas, erva é bom pra animá o minino, vai dá certo cê vai vê, cumádi Leninha já num é mais minina, sabe sossegá, até ocê vingá as força
- Onéis, ocê tem razão, devi se coisim da minha cabeça, Leninha tá filiz purquê é filiz e só, tarde cumpádi vô mi recuiê, manhã num tarda e muito trabái me espera, boas noites pro cê, Deus ti cumpanhe
- A ocê tombém Cumpádi Eucridis, boas noites

E lá foi o compadre Onézimo, assoviando pela estrada, de volta pro seu sítio, bem pertinho dali, sorrindo, de quando em quando, pegando no bolso, um lenço rosado, onde estava bordado, Lena, sua amante amada, que havia agora, de ficar parecendo, 'menos feliz' , pois o corno do compadre Euclides, andava desconfiado. Ah! Leninha, Leninha, que fogo nas partes perfumadas de alfazema, aquela mulher tinha.
Pobre Euclides, seus galhos, dariam para pendurar muitas roupas...e com esses pensamentos, Onézimo foi seguindo rindo seu caminho...
Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 19/06/2016
Reeditado em 19/06/2016
Código do texto: T5672138
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