PIXULECANDO ATÉ A LÍNGUA!

I

Vou versejar a vocês

Algo triste de contar:

Nossa língua portuguesa

Pouco tem a comemorar.

II

Nesses tempos tão difíceis

De bem os verbos conjugar

Novo verbo nos infringe:

Para a língua avacalhar!

III

À gramática é uma vergonha

Embora às vezes é ideologia

A conversinha “que é cafona

Dar à língua primazia”.

IV

Verbo novo aqui na praça

Sempre a nos assombrar

Só se conjuga a desgraça

No verbo pixulecar.

V

Verbo sem DNA

No bom gene familiar

A não ser que seja na

Má genética de furtar.

VI

Na conjugação certeira

Todos dizem “não fui eu!”

Mas na saga brasileira

Muita gente já morreu.

V

Verbo pra ser conjugado

Parece até assombração!

Se se finge aniquilado

Logo tem outro em ação.

VI

Pelo verbo praticado

No interstício da Nação

Brasileiro foi roubado

Desde a meia... ao cuecão!

VII

Pixulecaram a verdade,

Todo o imposto do povão!

Da previdência ao trabalho

Dos fundos...não restou nem pensão!

VIII

Pixulecaram a esperança

Em discurso tão inflamado

Na terra da insegurança...

Pixulecaram os retalhos!

IX

Petróleo foi pixulecado

Pra pixulecar passadena!

E o pobre do povo coitado...

Pixulecado e de barriga vazia!

X

Pixuleco bigodudo...

Acima de qualquer suspeita

Tem também do tipo barbudo...

Conjugação do capeta!

XI

Pixulecou a vontade...

Nele ninguém poe a mão

“Pixulecou santidade”

Na mais pura enganação!

XII

Pixuleco elegante?

É o que mais se vê aqui!

De gravata estonteante

De fino trato?-Ói mais um ali!

XIII

Faz discurso leve e solto

A todo pobre da Nação

Inclusive àquele povo

Em quem mais meteu a mão!

XIV

Tem família chiquetosa

De pixulecos,qual pavão!

Pixulecou na Suiça

Pra comprar Loui Vuitton!

XV

Epidemia de Aedes?

Não é a que mais nos mata não!

Pixuleco é a grave febre...

Que dizima o povão!

XVI

Vetores são os pixulecos

Do câncer à toda Nação!

Para o qual não tem remédio:

Veiculam a corrupção!

XVII

No pronome deste verbo

Pra melhor pixulecar

Convém sempre o coletivo

Pra mode de nós...mais levar!

XVIII

Hoje há tantos pixulecos

Vários doutos a ministrar

O verbo que todo eles

Logo querem aprimorar!

XIX

Tem dama de boniteza!

De botox empinadão

A mais nobre realeza...

Do gen do pixulecão!

XX

Pixuleca o próprio ego

E Tu, pixuleca a você?

Todos nós pixulecados...

Por todos vós, é de doer!

XXI

Só nos resta aos cidadãos

Em corrente, então rezar,

Que os nobres pixulecos

Parem de nos assaltar.

XXII

É milagre bem difícil

De na língua alcançar

Dispixulecar tantos vícios

Do verbo pixulecar.

XXIII

Seja a nossa boa quadrilha...

Só a dança do São João!

Que às mesas tão famintas

Nos haja a consagração.

XXIV

Que Deus em graça concedida,

Milagre: “ex- pixulecação”!

No xilidró dê guarida:

Aos pixulecos da Nação.