Galvão (paródia)

E agora, Galvão?

A olimpíada acabou,

a pira apagou,

o público sumiu,

o suor esfriou,

e agora, Galvão?

e agora, você?

você que é fodido,

que depende dos outros,

você que faz bicos,

que rala, conta moedas?

e agora, mané?

Está sem emprego,

está sem um puto,

está sem dormir,

já não pode comer,

já não pode beber,

sorrir já não pode,

o chão esfriou,

a sopa não veio,

a ONG não veio,

a Unesco não veio,

não veio a Glória Maria

e tudo ficou na mesma

e tudo ficou na merda

e tudo fedeu,

e agora, mané?

E agora, Galvão?

Sua voz intragável,

seu olho esbugalhado,

sua confusão mental,

sua descortesia,

sua cara de mala,

seu terno da Globo,

sua incoerência,

sua chatice extrema — e agora?

Com a marmita na mão

quer abrir a lata,

não existe lata;

quer chupar a garrafa,

mas a garrafa secou;

quer ir para a obra,

obra não há mais.

mané, e agora?

Se você gritasse,

se você gemesse,

se você cantasse

o pagode do Thiaguinho,

se você comprasse,

se você viajasse,

se você gozasse...

Mas você não goza,

você é um duro, mané!

Sozinho no barraco

qual bicho na jaula,

sem televisão,

sem mulher nua

para se encostar,

sem feijão preto

que sacie sua fome,

você chega lá, mané!

mané, sabe aonde?