O violeiro e o valentão

Conta o folclore piauiense que certa feita um famoso valentão das bandas de Água Branca, no Piauí, apelidado de Zezé, nas suas andanças noturnas pela região,foi parar numa cantoria. Em lá chegando, apeou do cavalo, mandou encher um copo de conhaque e o deu para o cantador que o ingeriu, mesmo a contra gosto. Terminado, o valentão aproximou-se do mesmo e ordenou em voz alta, atemorizando os presentes:

Agora faça um improviso chamando todo mundo de corno!

O poeta, meio trêmulo e nervoso, afinou a viola e soltou repente:

" se mandou cantar eu canto pois sou improvisador, por aqui só não é corno seu Zezé e o cantador, o resto tudo tem chifre, seja lá ele quem for."

O valentão não gostou e reclamou para o violeiro:

- O verso foi mal feito,caboclo. Eu não mandei chamar todo mundo de corno? Faça outro! Novamente o repentista dedilha sua viola, tempera a garganta e manda o improviso:

" por aqui só existe corno, corno vai e corno vem, quem mandou cantar é corno e corno é quem canta também, se gritar: pega um corno, aqui não fica ninguém."

O valentão aplaudiu e fez logo amizade com o violeiro.