Minha aventura no BRT
MINHA AVENTURA NO BRT
Hoje resolvi conhecer o sistema de transporte BRT (Bus Rapid Transport) em Recife.
Ao adentrar na estação, um funcionário muito solícito da empresa Mobily, dirigiu-se a mim e falou: Por aqui senhor e me acompanhou até a catraca que prontamente a liberou, desejando-me boa viagem e informando que deveria esperar o tal BRT na segunda plataforma.
Pensei: Isso é primeiro mundo, funcionário gentil, ambiente seguro, (passarela cercada de grade), estação climatizada, ótimo. Aproximei-me do local de embarque. Tinha apenas na minha frente um rapaz com uma garotinha nos braços chupando sua chupeta. Pouco depois olhei em volta e eu estava totalmente cercado de pessoas ávidas em embarcar nos BRTs e curiosamente perguntei: Por aqui também descem passageiros? Tive a resposta que não queria ouvir: Entra e sai por aqui mesmo.
Depois de alguns minutos, não foram muitos,chegou o tal BRT.
LO-TA- DO.
Pensei em desistir..... não houve tempo. Já estava embaixo das axilas de algum corredor de maratona na linha de chegada e recebendo reclamação de uma senhora: “não empurra”; e eu humildemente não fui eu, me empurraram.
Prá ser simpático, disse: resolvi experimentar esse ônibus hoje, falam tão bem, quase nem termino de dizer e me xingaram. Pode ser noutro horário, eram 17:35 hs e eu estava no sentido cidade/subúrbio. O senhor devia ter escolhido a hora das 10.Aí mudei o assunto e perguntei: Cadê os bancos dos idosos? Me responderam: só se trouxer de casa. Calei.
Na estação Madalena, uma senhora quis descer e foi um sufoco. Muitos queriam entrar e ela sozinha querendo sair. Imaginem. Foi aí que me dei conta que iria descer duas estações a frente. Pensei comigo: vou me aproximar da porta, pois quando abrir fica mais fácil descer. Olhei pra trás e vi umas quatro filas de pessoas até a porta.
Então propus ao rapaz que estava junto a mim: Amigo troca de lugar comigo, pois vou descer no Cordeiro. Ele perguntou: como? Aí usei minha criatividade: Você me abraça e nós rodamos, eu fico no seu lugar e você no meu. Após quatro abraços, sendo três em operários que largaram da construção e não haviam tomado banho e uma gentil senhora, cheguei a porta.
Chega a estação Getúlio Vargas.
Ufa, vou sair desse sufoco.
A porta não abriu, travou. Todas as outras abriram, a que eu estava não. Tentei forçar. A grita foi geral. Se forçar quebra e o ônibus não anda. Perguntei e eu como fico?
Uníssonos: Desce na próxima, pega um de retorno que deve estar vago nessa hora.
Comecei a rezar para que a porta abrisse e combinei com dois parrudos que estavam ao meu lado que quando a porta abrisse eles me empurrassem, pois sozinho tinha certeza que não conseguiria sair, já que no sentido contrário viriam umas dez pessoas.
Minha reza não foi suficiente. A porta entreabriu-se. Consegui passar a cabeça, murchei a barriga e disse: EMPURRA.
Só assim consegui, descer na estação da Avenida do Forte e tive que caminhar cerca de três quilômetros até San Martin a pé, pois cansei do transporte coletivo.
Isso é transporte de primeiro mundo.