DOENTE DA SANTA CASA
 
Doente da Santa Casa.
Sabe lá o que isso?
 
Doente da Santa Casa!
Que sina, que desgraceira.
De segunda a sexta-feira
É sacudido, revirado,
Quase liquidificado,
Por estudante tarado,
Que junta na cabeceira.
 
Tiram sangue, botam sangue,
Exames de raios X,
Agulha grossa na veia,
Tacam sonda no nariz,
Dão com o martelo na perna
Peteleco na barriga,
Cada exame desgraçado,
Só pra descobrir uma lombriga.
 
- Diz trinta e três!
- Mais uma vez trinta e três.
E diz quatro cinco, seis,
Setenta, noventa e três.
E a todos que vão pedindo,
Vai o infeliz repetindo.
Trinta e três.
 
Doente da Santa Casa,
Que resistência brutal.
Seu fígado é mais apalpado
Que broto no carnaval.
Seu coração é mais ouvido,
Que o Hino Nacional!
 
E todo remédio novo,
Antes de ser dado ao povo,
O laboratório não esquece.
Manda amostras pros doentes,
Pra ver o que é que acontece.
 
Doente da Santa Casa...
Se o caso é de abrir barriga,
Às vezes sai até briga,
Pois tudo o que é doutor,
Que acaba de ser formado
Quer estrear o bisturi,
No abdomem do coitado!
Mas... no fim, tudo se ajeita,
Pois é achada a receita,
Um que abre, outro que fecha
E um terceiro enfia a mecha!
 
Doente da Santa Casa...
Se o infeliz cai na besteira,
De ter uma doença rara,
Destas que nem catedrático
Diagnostica de cara,
Aí é que o infeliz sofre pra burro, não pára.
 
Pois vem estudante, professor,
Catedrático, doutor,
Até cientista e reitor.
Levam o homem pro Congresso...
Doença pouco comum na Santa Casa,
É um sucesso!
 
Doente da Santa Casa,
Que alegria que ele tem.
Quando a enfermeira anuncia:
- O doutor hoje não vem!!!
ZÉ TRINDADE
Enviado por Tânia de Oliveira em 26/02/2017
Reeditado em 27/02/2017
Código do texto: T5924737
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