Médicos me assustam

Médico não é coisa boa de se procurar, pelo menos pra mim. Sempre alguma coisa me assusta.

Uma vez fui a um otorrinolaringologista, vê que nome difícil, e grande. Mas vamos lá, examinou meus ouvidos, nariz e garganta. É o que representa aquele “nomão” acima. Pois bem, perguntou-me o senhor fuma? Eu todo contente. Deixei há mais de dez anos. E ele, muda muito pouco, seu pulmão já sofreu bastante. E continuou: O senhor bebe? Inocentemente respondi: Socialmente. Só nos finais de semana. Esse complemento eu podia não ter dito. Ele olhando seriamente pra mim disse: O senhor é um “alcóolatra” de final de semana. Puxa, me assustei. Passou uma receita e pediu que voltasse dentro de 60 dias. Perdi o endereço dele.

Outra vez tive uma dorzinha e resolvi ir a uma emergência, pois já era tarde e não queria passar a noite com aquele incômodo. Chegando no hospital, após a triagem, fui encaminhado imediatamente para o consultório. O médico de plantão, perguntou o que eu sentia e falei tratar-se de uma dorzinha na barriga que refletia nas costas. Ele aferiu minha pressão e disse vamos para aquela sala. Levantei-me e ele imediatamente com o braço forçando para baixo meus ombros, colocou-me sentado de novo. Chamou o enfermeiro pedindo que trouxesse a cadeira de rodas. Eu disse: posso ir andando, era menos de dois metros de onde eu estava. Ele disse o senhor vai sentado e cochichou com o enfermeiro. Logo me colocaram numa cama, colocaram uma peça plástica no meu nariz por onde entrava oxigênio, me encheram de fios, colocaram soro e tiraram sangue para exame. Quase morro do coração com tamanho aparato. Passado pouco tempo já via ao meu lado, minha esposa, minhas duas filhas, todas aflitas tanto quanto eu sem entender o que acontecia. Então lembrei-me de dizer ao médico que tinha sido constatado que tinha pedras na vesícula e que aquela dor poderia ser proveniente dela. Retiraram todos os equipamentos, me deram um analgésico e após a dor passar mandaram-me pra casa. Depois eu soube, pensaram que eu estava infartando. Ainda bem que não me disseram, se não eu infartava mesmo. Ufa, que susto.

Mais recentemente fui a um Dermatologista, médico de pele. Após longa espera, sim, porque você tem hora marcada, mas acho que o médico não tem. Entrei no consultório, cumprimentei o médico, sentei-me, só aí ele olhou pra mim e perguntou: como posso ajudá-lo? Respondi: Doutor tenho algumas manchas aqui, colocando os dois braços sobre a mesa, virando de frente e de costas. Ele me inquiriu novamente com olhar bastante sério: O senhor tem medo de morrer? Não entendi. Umas simples manchinhas, seria pra tanto? Respondi secamente: tenho né doutor. Logo ele disse: Não parece, e logo em seguida perguntou, (que médico pra perguntar, parece sabatina): o senhor usa protetor solar quando vai a praia? Respondi: Não. Logo concluiu: se não usa para ir a praia quanto mais para passear. Respondi: É verdade. Aí foi que ele me derrubou com a pergunta seguinte, olhando nos meus olhos: O senhor já viu sua “bunda”? Isso era demais. Que é que tinha minha bunda? Se me pedisse para arriar as calças eu e ele sozinho, não tiraria não. Sei lá. Vai que ele gosta. Não. Ele era forte, não tinha como evitar e não queria correr o risco de perder minha virgindade. Foi quando ele, interrompendo meus pensamentos disse: a sua cor é a cor dela, não essa dos seus braços queimados do sol. Dos males o menor, que alívio. Receitou um creme, um protetor solar e recomendou-me evitar sol entre dez e dezesseis horas.

Esse não volto mais, vai que ele cisma de saber qual a minha verdadeira cor.

Massilon Gomes
Enviado por Massilon Gomes em 15/03/2017
Reeditado em 16/03/2017
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