Não senta no banco não!

Não senta no banco não!

Quem já não foi acometido de um “Distúrbio gastrointestinal agudo”? Popularmente conhecido como diarréia ou, como aqui no nordeste “chicotinha”.

Vamos aos fatos, infelizmente verídicos.

Estava eu numa tarde de sexta-feira, em um supermercado, fazendo a feira do mês. Após pesquisa dos produtos de menor preço e escolha do necessário, fomos, eu e minha esposa, para a fila “preferencial”, a fim de pagar a “dolorosa” conta. Como hoje no Brasil, temos mais idosos do que jovens, a fila estava um pouco extensa. Assim mesmo nos posicionamos e aguardamos pacientemente, quando de repente um redemoinho aconteceu em minha barriga e percebi que necessitava urgentemente de ir ao toalete. Disse rapidamente para a mulher, vou ali, e saí desesperadamente em busca do banheiro que, para minha felicidade estava há uns vinte metros de distância. Apressadamente fui pedindo licença, fazendo um esforço tremendo para manter o orifício inferior fechado. Empurrei a porta, ao lado direito tinha três boxes com privada. Ao lado esquerdo um balcão com duas cubas e torneiras para lavar as mãos. Entrei logo no primeiro e de relance percebi que não tinha papel higiênico. Voltei e imediatamente empurrei a segunda porta que para meu desespero estava fechada, no que entendi estar ocupado e fui para o terceiro boxe. Também não tinha papel, mas não tinha mais o que fazer. Arriei as calças com cueca e tudo, já que no caminho, tinha desatacado o cinturão. Normalmente, quando se vai fazer o número dois, nos colocamos numa posição que forma um ângulo de noventa graus entre as coxas e as pernas e apoiamo-nos, sentamos, na tampa da privada. Não deu tempo. Estava há uns cento e vinte e cinco graus e como diz o poeta, “não deu mais pra segurar” e explodiu, só não foi o coração, como na canção, foi o tal orifício inferior, jogando um jato de líquido quente de encontro a tampa da privada que, como revide, devolveu com a mesma força de encontro às minhas nádegas e espalhou-se pela bacia. Pronto, a merda estava feita, digo a situação estava crítica, porque a merda ainda estava saindo. O líquido quente escorria pelas pernas e nesse momento lembrei-me que não tinha papel. Desespero total. Levantei a cueca até o joelho, já limpando as partes atingidas. Do lado de fora ouvi uma expressão de fé: “Virgem Maria”! e a porta bateu se fechando. Logo após, parecia até uma igreja, “Meu Deus do céu”! e novamente a porta se fechava. Voltando ao meu drama. Tirei cuidadosamente a calça, para não contaminar. Tirei a cueca com o maior cuidado, para não me melar mais ainda. Limpei o que pude. Usei meu lenço de cambraia branco, com minhas iniciais bordadas, MGS, para completar o trabalho. De relance, pensei: vou pegar o papel toalha e resolvo a parada. Maldita tecnologia. Não havia papel toalha. Tinha um equipamento que se apertava um botão e saia um ar quente que enxugava as mãos. Imaginem eu de bumbum pra cima me enxugando. Desisti da ideia. Vesti a calça e senti que a barra da camisa estava molhada. Pensei: tem nada não, lavo na pia. Foi o que fiz. Dei descarga, não adiantou muito, pois a sujeira maior ficou na tampa e na parte externa da bacia. Saí do boxe, tirei a camisa e com cuidado para não molhar toda, lavei a barra, espremi. Fui no tal equipamento do “ar quente”, apertei o botão e consegui enxugar um pouco. Lembrei-me que a esposa estava na fila e que a essa altura já devia estar no caixa. Vesti a camisa e para ninguém ver que estava molhada ensaquei na calça, dirigindo-me para o caixa. Por onde eu passava, via as pessoas colocando a mão no nariz ou abanando o referido em sinal de que não estavam gostando do cheiro. Eu menos ainda. Quando cheguei no caixa, minha mulher já tinha dado a vez a uma outra senhora. Mulher é detalhista. Me olhou da cabeça aos pés e perguntou: “por que está todo ensacadinho?” Tive vontade de responder: porque estou todo CAGADINHO, mas não precisava, o mal cheiro me denunciava. Só fiz tirar o cartão do bolso e dizer paga aí que vou pro carro, retirando-me imediatamente, mas ainda deu para ouvir a advertência dela: “NÃO SENTA NO BANCO NÃO”.

Massilon Gomes
Enviado por Massilon Gomes em 21/04/2017
Reeditado em 28/04/2017
Código do texto: T5977354
Classificação de conteúdo: seguro