Beijo de grávida.

Depois de um dia longo e cansativo na academia onde eu dava aula de dança, cheguei em casa com meu namorado que fora me buscar e fui prontamente para o banho.

Enquanto eu estava ainda no chuveiro, ele entrou comigo. Eu sei o que ele estava querendo mas eu estava exausta. Ele terminou seu banho e eu sai. Enquanto penteava meus cabelos ele me contou que me assistira dando aula hoje. A última música - que eu fiz questão de dançar sozinha para tentar explicar o que eu chamava de "sentir a canção dentro do seu corpo" - ele disse que tinha chegado para me buscar e me assistiu. Ele me fez vários elogios e disse que eu realmente conseguira passar para as alunas a minha teoria e que pode sentir, literalmente, a música saindo do meu corpo. Agradeci ficando um pouco emocionada com suas palavras. Saímos do banheiro e eu abri a geladeira, achei uma pizza de mais ou menos uma semana, coloquei no microondas e uma coca-cola de mais ou menos a mesma idade. Pensei "por que não?" E então comi. Quando ele me viu, naquele ato que pra ele era obsceno, ele colocou a mão na boca de uma forma teatral e disse:

- O que você ta fazendo?

- Comendo? - Respondi com sarcarmo.

- Pizza? E refrigerante? Em dia de semana?

Pensei a respeito das perguntas. Sim, eu era uma louca das dietas sempre preocupada com carboidratos e quase nunca comia essas coisas. Tipo, quase nunca mesmo. Mas hoje era meu dia de extrapolar e ele não tinha nada haver com isso.

- Sim. Parece que eu sou humana, afinal. Qual é, me deixa.

- Tudo bem, parece que teremos que te internar. Estou imediatamente ligando pro corpo de bombeiros vir aqui com camisas de força.

E mais uma vez ele, teatralmente, fez como se fosse ligar para os bombeiros. Eu terminei de comer rindo daquela sua constante cara de assustado, escovei os dentes e o chamei para deitar. Eu estava exausta. Ia fechar os olhos quando ele me cutucou e perguntou:

- Amor, por que você não quis transar comigo no chuveiro? A gente sempre faz isso.

Não acredito. Pensei. Expliquei para ele que eu estava extremamente cansada e que hoje não estava afim. Isso não acontece com frequência pois eu quase nunca nego uma transa mas hoje, ah hoje não. Ele disse um "tudo bem, amor. Me desculpe. Boa noite" mas me pareceu que continuava pensando pois eu ainda o sentia de olhos abertos. Quando eu novamente ia pegando no sono ele me interrompe novamente agora pra valer:

- Letícia, você está grávida?

Eu não acredito. De verdade. Ele não ta me perguntando isso. Perguntei um "o que??" pra ter certeza se era isso mesmo que tinha ouvido e ele disse, com suas argumentações que estava estranhando meu comportamento e principalmente por dois em especial: A maldita pizza e o fato de eu ter negado transa.

- Rodrigo, meu amor -tentei parecer calma e não morta de cansada - eu não estou grávida, OK? Eu tomo meus remédios certinho, fica tranquilo.

- Mas você as vezes esquece - Ele retrucou.

- Sim, as vezes, não sempre. E a gente nem transa todo dia.

- Transa sim. - Ele disse num ar ofendido.

- Comigo não. Eu disse rindo.

- Tudo bem então voce só ta sei lá, na TPM?

Eu queria saber de verdade porque ele estava me achando tão estranha.

- Sim, pode ser...Podemos dormir agora? Implorei.

- OK. Boa noite, Letícia. - Senti que ele estava chateado mas não entendia o motivo e com certeza não ia querer saber.

- Boa noite, amor.

Dei um beijo nele e me virei.

- Você acabou de me dar um beijo de grávida.

Eu. Nao. acredito.!!!

- Um o que?? - Me virei com força começando a ficar nervosa.

- Beijo de grávida. Sabe, aqueles beijos que as mulheres dão nos maridos querendo dizer assim: "amor, ainda te amo, mas agora sou mae e não posso ser sexy nem transar pois nosso filho é puro demais pra essas coisas. Espero que entenda". Isso é um beijo de gravida, Letícia!

Eu queria rir, e alto. Mas não ia dar esse gostinho a ele.

- Primeiro, nós não somos casados. E segundo, isso foi a coisa mais estupida que eu já ouvi.

- Não é estúpido, é verdade, e acabou de acontecer.

- OK. Agora chega. Eu não estou grávida, OK? N-Ã-O. Se eu tivesse eu saberia e você também.

Agora pelo amor dos deuses, podemos por favor dormir em paz? Amanha você me explica melhor essa teoria do beijo de grávida.

- Você não é minha esposa por que não quer.

"É hoje que eu não durmo."

- Na verdade seria por que você nunca me pediu em casamento?

- Eu nao peço por que eu sei que você falaria não na minha cara e ia rir de mim. Qual é, Letícia, eu tenho medo de você, OK?

Era incrível como eu queria mata-lo e de uma hora para outra beija-lo.

- Você nunca tentou para saber.

- Então casa comigo? To pedindo. Agora. Casa.

- Não tem como a gente casar agora. Eu estava rindo.<br>

- Viu? Você não me leva a sério.

- Ah, Rodrigo você não pode ta falando serio. Poxa são uma hora da manhã!!!

- Eu sei eu só to falando que do jeito que você fala parece que não quer ser minha esposa nem ter um filho meu.

- Meu amor, - agora eu o abraçava - eu te amo OK? E com certeza se um dia eu for ter filhos você vai ser o pai deles. Não se trata disso. Nós ainda somos muito novos, não estamos estabilizados, não faria sentido, não acha? Eu sei que você tem vontade de ser pai mas tudo tem sua hora, OK?

- Tudo bem me desculpa eu só, eu só surtei por um momento achando que você não queria ter um vinculo eterno comigo e tal. Eu te amo muito, let. Muito.

- Eu te amo muito mais, Rodrigo. Você me faz sentir viva e amada e eu não poderia ser mais grata por isso. E pra recompensar vou te dar um beijo de não grávida.

Subi em cima da sua barriga e o beijei com vontade. Ele colocou as maos nas minhas costas e ficamos assim uns minutos ate que ele me tirou de cima dele me assustando:

- Você não pode ficar assim!!! Vai amassar nosso bebê.

- Ai, vai se foder, Rodrigo. Eu ate estava pensando em transar mas quer saber, mulher gravida nao pode transar mesmo. Boa noite.

Me virei e me afastei dele. Passaram-se uns dez minutos e eu agora não conseguia dormir, pensando em tudo o que tínhamos conversado. Casar, filhos...

-Let? Ta acordada?

- To.

- Mulher grávida não transa mesmo?

- Não. Machuca o bebê.

- Mas e aquele negocio de "o bebê precisa sentir que seus pais se amam?"

- Besteira.

Ele chegou bem perto de mim, me abraçou e disse no meu ouvido.

- Letícia, você não ta grávida. Eu tava brincando, garota. E foi passando as maos no meu corpo e chegando na minha calcinha. Ele falava no meu ouvido o que me causava arrepios.

- Eu nao não to ne?

- Não. Nenhum pouco grávida. Zero gravidez.

- Tem certeza?

- Tenho. Certeza. Toda.

Eu já estava no joguinho dele, como sempre, e estava amando. Me virei pra ele e disse:

- Viu? Não é melhor uma não grávida? Só nós dois? Sem ninguém pra atrapalhar?

- Com certeza, bem melhor. Acho que podemos adotar um cachorro, então.

- Adorei a ideia.

Então nos beijamos. Não o beijo de gravida. O beijo de uma mulher sedenta por sexo.

Agora eu estava. E foram saindo roupas, gemidos da boca, beijos molhados e no final, eu estava estirada em seu peito enquanto ele fazia carinho na minha cabeça.

Pois é, bem melhor uma não grávida.

Destiny
Enviado por Destiny em 01/05/2017
Reeditado em 01/05/2017
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