a pasmaceira do janotinha

farsa concebida ao estilo da época do grande dramaturgo Gil Vicente

A pasmaceira do janotinha

Amo brincalhão:

Tu ai ó janotinha.

Que fazes demo te pergunto.

Que levas ai tão junto

ao teu corpo engrossado.

Parecias um esqueleto

e agora estás inchado.

E de sujo estás tão escuro.

Onde foi que te enrolaste

Nunca te vi desse jeito.

Andavas tão afinado

e agora desajeitado.

Quedas para ai enguiçado.

Alguma zebra te olhou?

Quebrado está o teu cizo.

Andas para ai sem atino.

É mal que vem de longe?

Ou te pegaram a moleza?

Estás pingado de dolência

É quebranto de certeza

Nem a terra vais pisar.

Nem os pés te alevantam.

E o nariz de enjoado.

Olhos postos e pregados.

Arregalados no nada.

Encostado ao cajado

pareces alma penada.

Eh janotinha que demo

te veio tirar a língua.

Que era bem afiadinha

Isso ai anda segredo....

Conta ai demo ratinha.

Já te não chamo janotinha.

Dizias sempre .

Isso é treta!

quando te via arrumado.

E tu eras afinado.

Muita arte muita manha.

Má viagem tu fizeste

E de lá nada trouxeste.

Vieste mal-humorado.

E ainda agoirento

Fala lá homem de Deus

Eu aqui te estou para ouvir

servo :

Torcendo o nariz de torto

Desafiou a inquietação

Uma cuspidela para o lado.

e de enfado bem se via.

E respondeu derreado

Os olhos em piscadela

Tal era a estafadeira

São males de amor senhor

Respondeu enfim o malvado…

De T, ta

Agosto de 07

Tetita ou Té
Enviado por Tetita ou Té em 13/08/2007
Reeditado em 16/08/2007
Código do texto: T605957
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