CONTADORES DE ESTÓRIAS

Malabarista e uma palhaça,
Num picadeiro perdidos,
Não conseguiam fazer,
A platéia achar graça.

Faziam de tudo,
Da dança a piada,
Atirava faca, e a calça caia,
Mostrava a careca pelada.

Viram que não havia jeito,
Improvisaram toadas,
Resgatando a fantasia,
Mostrava a bagagem, menos à pornografia.

Ta melhorando, o povo já sorria,
No próximo espetáculo,
Tragam seus vizinhos,
E toda a sua família.

E a palhaça poetava,
Tão magra, parecia vara de bambu,
Vou tirar a aliança do meu dedo,
E enfia-la no bolso.

Agora, convido para vir ao picadeiro,
Cinco pessoas da terceira idade,
Aquele que da um espirro forte e alto,
Ganhará ingresso para o espetáculo da saudade.

Coitado do Sr. Chiquinho,
Já bem idoso e meio gordo,
Deu um espirro,
Desajeitado e fraquinho.


Agora é a vez do chato Tião,
Metido a namorar e a ser rapagão,
Seus óculos, fundo de garrafa,
Uma tremenda miopia,
Muito entusiasmado,
Solta um espirro,
Óculos espedaçaram-se,
Ao cair contra o chão.

Da mesma forma sua dentadura,
Soltou-se de sua boca,
Dividindo em duas partes,
Como aconteceu isso?
Ele mesmo não soube explicar,
Ficando muito ansioso,
Pensando como iria,
Com a sua boca beijar.

De qualquer jeito, o circo teve sucesso,
Só ouvia o povo gargalhar,
Prometendo no próximo espetáculo,
Todos iriam voltar.

A trova é um jogo da vida,
O jogo da vida é um sonho,
Seja dormindo ou acordado,
Fato como esse só pode ser sonhado.

Quem colocar pra frente,
Corre o risco de ser inconveniente,
É tão absurdo e muito indiferente,
Para acreditar é necessário,
Não dar ouvidos a essa gente,
Como eu ia dizendo,
Temos muitos contadores de estórias,
Infelizmente!