Carta Pro Zé da Ingazeira XIII
                                                
Zé, eu ispero qui tenha vortado bem
Ti falei qui o trem puraqui era brabu
Que num dá pra chegá sem vintém
Em Beagá tudu é muitu mais caru
 
Ricibi ocês tudinhu na minha casa
Discurpe si ainda fartô alguma coisa
Mas u pagamentu qui nunca qui atrasa
Dessa vez molengô um tempão
 
Mas eu tenhu recramações pra fazê
Aqueli primu num é bem chegadu
Ocê sabia qui num era pra ele vim
Deixô meus móvis tudo estragado
 
O cabra num lava as mãos é pra nada
E sái lambuzando cum us dedu u fugão
Em quarquer lugá pur ondi eli passa
Deixa as marcas dus dedus da mão
 
Inté os vizinhu véinhu di baixo
Recramaru du ronco du cabra
Seu Honóriu ficô muito machu
Inté quiria dá ums tiru di bala
 
Num isqueci do Zé da Gamela
Diz qui eu vô por aí mês qui vem
A sodade do cheiro da roça
Chega mansa i mi lembra de arguém
 
Quiria tanto qui ocê conhecesse
A moça linda dos óios de mel
A princesa du alto dus montis
Qui pareci um pedaçu du céu
Germano Ribeiro
Enviado por Germano Ribeiro em 13/04/2018
Reeditado em 13/04/2018
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