O HOMEM SEM CABEÇA 3° CAPITULO

Naquela semana os esforços da policia se dividiam em duas partes: 1º Encontrar a cabeça, 2º encontrar os assassinos. Por incrível que pareça encontrar os assassinos foi muito fácil.

O delegado pegou a informação que passei sobre o rapaz ter ido para o mato com um casal de primos  e começou a interrogar os parentes até saber quem era o tal casal. Os dois estavam escondidos em uma casa no Farol de Santa Marta em Laguna. Tipo, gente era inverno e tava muito frio naquela região, mas eles estavam lá, quase sem estrutura nenhum e com pouca comida.

Os policiais fizeram a busca do casal e trouxeram eles para a Central de Policia da cidade e colocaram os dois em salas separadas para eles não combinarem a historinha que iam contar pro delegado.

Se tem um dom que eu tenho além de derrubar tudo que vem pela frente, é fazer com que as pessoas contem seus principais segredos pra mim mesmo sem me conhecer. Não sei como, mas sento do lado de alguém, puxo conversa e em seguida ela ta me dando a senha do cofre e tudo mais. 

Passei na sala onde estava o rapaz, mas ele tinha cara de brabo então resolvi não encarar e fui para o andar debaixo da delegacia que funcionava numa casa de alto padrão. A parte de baixo na verdade era uma garagem que transformaram em salas e celas.

Desci as escadas e vi uma jovem moça, bonita, com rostinho de menina e semblante inocente, mas muito assustada. Ela estava sentada em um banco desses pretos estofados sem encosto, com uma algema na mão direita e o outro lado numa argola de ferro que tinha na parede para ela não fugir.

Essa cena é engraçada porque normalmente se prende a mão boa da pessoa e quando ela quer se coçar ou algo assim, fica fazendo malabarismos tipo os contorcionistas do Cirque de Soleil. Elas esquecem que tem outra mão kkk.

Olhei pra ela, dei um sorriso e bom dia, ela sorriu de volta e me cumprimentou. Essa era a senha que eu precisava para poder sentar do lado dela.

Sentei do lado dela com o microfone na mão e comecei a conversar com ela:

-Menina, em que bronca vocês foram se meter, vocês deviam estar muito brabos com o rapaz para fazer aquilo com ele eim.

Ela deu um sorrisinho e respondeu:

-A gente tava muito louco!

Fora do ar ela me confessou o que foram com ele para o local, usaram drogas, e que o mataram, mas na hora que entrevistei ela para a TV, ela mudou a versão completa dela e disse que não sabia de nada. Eu sabia que ela estava mentindo, mas não podia desmentir ela, a palavra é dela e eu não era ninguém pra contrariar mesmo sabendo que ela tinha me contado outra coisa. 

Depois ela se ligou que não dava pra confiar muito em mim e começou da dar resposta evasivas. Fora do ar eu perguntei pra ela onde estava a cabeça, ela teimava em dizer que não sabia de cabeça nenhuma, ela só afirmava que o companheiro dela é que tinha feito tudo. Alí vi que nossa relação de amizade estava ruindo.

Conversamos mais uns minutos e me despedi dela agradecendo pela entrevista e desejando sorte naquela nova caminhada que não ia ser nada fácil.

Ela levou azar porque do outro lado da parede tinha um policial que estava ali por acaso e ele ouviu quando ela me falou que haviam matado o rapaz.  Foi o suficiente para que o delegado tivesse um começo pra puxar assunto com ela. 

O negócio de deixar os dois separados é pra fazer aquela pressão assim: Olha, teu namorado já contou tudo, ele já falou o que você fez. Ai dependendo da reação da pessoa tu sabe se ela é  culpada ou não.

Depois de umas cinco horas de depoimento eles confessaram o crime, pelo menos metade ele, mas a policia não abriu os detalhes para ninguém.

Na verdade naquela altura do campeonato ninguém queria saber o que aconteceu, a gente queria mesmo era achar a cabeça. Para nossa alegria, neste primeiro depoimento eles contaram onde ela estava.

Bom gente, vou indo porque tenho bastante trabalho pra fazer, amanhã no 4º capitulo eu conto onde a cabeça estava.

Tá bom, to brincando. A cabeça estava escondida dentro de uma caixa d´água, mas não uma caixa d´água qualquer, ela  estava em uma caixa gigante, no alto de um morro e essa caixa era a que distribuía água para toda a cidade.

Allen Silva
Enviado por Allen Silva em 20/04/2018
Código do texto: T6313665
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