O CAIPIRA A MULHER QUE FAZIA CAMINHADAS E OS CACHORROS

Mais um causo do Quinzinho do Gamelão:

-Quando eu tô aqui na cidade, faço sempre umas caminhada, mode num ficá queto in casa. È quase duas léguas, o pricurso. Todas veiz que eu passo na portera dum sítio dois cachorro me avança. Eu pricurei o dono deles mode ele prendê os danado. Ele fala:

-Tem perigo não, os cachorro num pega não...

Num pega é ele... Se num fosse essa merda de estatute de desarmamento, eu já tinha passado fogo nos cachorro. Eu peguei um gaio de ipê que a prefeitura tinha podado, e dei uma ajeitada nele, aparei, discasquei, lixei e fiz uma manguara.

-Manguara, o que é isso? Perguntou um dos ouvintes. Um deles respondeu:

-Manguara é uma bengala, um bastão.

Quizinho continuou:

-Pois, é uma manguara é um purrete, eu sai fazendo caminhada com ele na mão, um cunhicido me priguntô:

-Uai, Quinzinho, ocê tá precisando de manguara?

-Ispriquei que era só pra me defendê de cachorro pegadô. Mais aquele negócio de ficá andano cum o pau na mão tava me incomodano...

-Como é que é? Estranhou um dos ouvintes.

-Cê tá pono mardade...Andá com a manguara na mão tava pareceno que eu tava cum argum pobrema...Risurvi dexá a manguara iscondida numa moita de braquiára na bera da redovia, perto da porteira adonde ficava os cachorro. Quando eu ia chegano lá perto, eu catava a manguara e os cachorro, veiaco, num vinha pra minha banda.

-Eu sempre topava cum uma muié cunhicida na caminhada. Um dia falei cum ela:

-Se ocê fô passá perto da porteira do fulano, coidado, tem uns cachorro pegadô, lá. Ela me falô que passô aperto com eles uma veiz.

-Eu mostrei a manguara iscundida na moita e falei:

-Quando ocê fô passá por lá, pega esse pau e se eles te avançá, desce o cacete neles.

Um dia eu tava na porta da loteria esportiva conversando cum uns cunhicido e a muié me viu e veio falando bem arto:

-Onte de tarde, eu tive que pegá no seu pau...

-Eu e os cumpanhero assustemo, e ela veno a “rata” que tinha dado, cunsertô:

-Pois é, os cachorro viero pra minha banda, e eu tive que pegar o purrete que ocê tinha iscondido, pra ispantá eles...

-Eita povo mardoso, sô...Eh, eh, eh...

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