O BARRAQUEIRO E SEU CAVALO

O BARRAQUEIRO. E SEU CAVALO DE CORRIDA

Deixei de ser bancário

Pelo destino da vida

E fui vender tripa e bebida

Prá criar meus quatros filhos

Botei a peste dum bar

Pense coisa pra infernar

Feito um trem fora do trilho

Aumentei quarenta quilos

De tanto tomar cachaça

Não pagava era de graça

Virei um bom cachaceiro

Bebo rico e metido

Tinha um bafo fedido

Por tomar aquela desgraça

Tinha um cheiro de fumaça

Na minha roupa bacana

Pois passava uma semana

Até pra trocar as calças

Era aquele sururu

Todo dia buruçu

De chocolate de graça

Com a boca desdentada

Mandei o fusca pintar

Mas acabaram de roubar

A tinta encomendada

Tava ali o meu destino

Nem o padre bateu sino

Quase morri na disparada

Virou uma marmelada

Pois chegou lá um cavalo

Tomei um rabo de galo

Comecei a me amostrar

Catuquei foi na espora

Mas não vi chegar a hora

Deu achar como. Frear

E cadê o bicho parar

Eu acho que foi por isso

Que no olho caiu um cisco

Pois o bicho deu KM

E saiu em disparada

Subiu em duas calçadas

E fiquei todo cambembe

E até a língua treme

Nessa forçada situação

Não tem essas de emoção

Pois só se esperava a queda

Me faltou cuspe na goela

E disparou o coração

Foi quando dei um puxão

No cabresto ignorante

Ele freiou num instante

É quase quebrei as costas

Era eu muito ofegante

E o cavalo belo dançante

E cai de cambalhota

Terminada a derrota

Aprendi que não se deve

Vou aqui ser muito breve

Fazer o que não se sabe

Nunca mais ando a cavalo

Vou de pé e faço calo

Até que o mundo se acabe.

Autor

POETA VERĪ

JUN / JUL / 2018

Verí
Enviado por Verí em 21/07/2018
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