Catando Coquinho no Brejo....

Agora que vivemos num país perfeito, sem corrupção, vamos falar de coisas realmente importantes e fundamentais para a humanidade!

Por que será que o número de xingamentos é muito maior que o de elogios? É que o ser humano, com essa bondade intrínseca, sempre adorou achincalhar o próximo e mandá-lo para aquele lugar, que não colocarei aqui, por ser educado. Mas não é que seu efeito, no fim, é benéfico? Vamos ver:

Por exemplo, quando mandamos alguém "ver se estou ali na esquina", esse ato de caminhar até a esquina já é um exercício que combate o sedentarismo, a imobilidade; no fundo esse indivíduo quer que se mexa, se desenvolva; pode ser que encontre um agente de Holywood na esquina que o leve para estrelar no próximo concorrente ao Oscar; e você reclamando?

Quando nossas mães sabiamente mandavam a gente a algum lugar, como uma vendinha, diziam: "vá num pé e volte no outro". Que sábias palavras; imagine o exercício de contorcionismo, feito um saci, de sair saltitando até o mercado, voltando no outro pé; exercícios para os músculos, equilíbrio, coordenação motora. Nossa mãe sabe de tudo mesmo; talvez até nos tornemos ginastas olímpicos!

E quando alguém fala: "vá chupar prego até virar parafuso"? parece xingamento, mas não: pense no ferro contido nos pregos; ao invés de colocá-los na panela, fazê-los virar parafuso é um exercício para a mente e para passar as horas, além de que tanto pregos quanto parafusos são indispensáveis na construção civil.

"Vá plantar batata"- frase no imperativo, dura, direta, como a necessidade de alimentar mais de sete bilhões de indivíduos no mundo. Esse leguminosa é altamente apreciada no mundo todo, embora alguns digam que engorda, mas não, urge que se "vá plantar batatas!"

"Vá catar coquinho no mato!"- ainda não descobri utilidade para os coquinhos que caem das palmeiras, às vezes em sua cabeça, e que você irá catar após essa ordem; sem dúvida algum cientista já descobriu um combustível para movimentar automóveis com o óleo desse coquinho ou quem sabe até sirva para fazer funcionar naves espaciais. E você aí parado? Vá catar coquinho!

Não gosto do "vá caçar sapo!"- lembro do Caco, do Vila Sésamo, do "sapo que não lava o pé", além de que eles caçam mosquitos e outros insetos nocivos. Não, não vá caçar sapo!

E, por fim, meu preferido: "Vá caçar mosquito no brejo!". Nos dias de hoje, com essa epidemia de febre amarela, é um ato não recomendável e que aufere ares de heroísmo, pois caçando mosquitos no brejo se está cometendo um ato nobre e de desprendimento pela humanidade, ao contrário do que possa parecer. Quanto alguém o mandar "caçar mosquito no brejo", tenha isso como uma horaria que só os heróis merecem...