O coronavírus, a Bahia e o bullying

Ao desembarcar em Salvador, o Coronavírus foi recepcionado por Dengue e Chicugunha. Logo na chegada, os locais já deram o limite:

“Colé de mermo, Cona? Aliás, Conavid-19 é um nome de corno da porra! Cê tá se achando, né? Só porque chegou dos esteites já quer sentar na janelinha das epidemias...Vá páporra, rapá! Tome tento que aqui é barril dobrado! Ó, vá procurar um jegue viúvo pra se roçar! Lá ele!”.

Assustado com a recepção, Conavid-19 retrucou: “calma, calma, eu sou da paz. Nós somos colegas de epidemia e eu cheguei pra causar junto com vocês”.

“Que colega? Cê é colega de quem? Eu te conheço? Ó, colega de C... é R...!”. Retrucaram Dengue e Chicungunha.

E continuaram: “Era só o que me faltava, chega cheio de nove horas, cheio de lero-lero, falando estrangeiro e acha que tá todo mundo comendo sua gaiva. Vá procurar sua turma! Ó, véi, vou te dizer uma coisa: eu não te digo é nada...

Sem entender direito o que se passava, Conavid-19 ainda falou: “Mas eu vim em missão. Vim pra arrasar”.

“Você é otário, é, Cona? Você é menino criado com vó? Que caralho você veio pra causar e chega depois do Carnaval? Que porra de gringo é esse que, ao invés de chegar rebolativo na multidão do Carnaval e causar, chega só pra micareta de Feira? Aliás, é em Feira que você não vai arrumar porra nenhuma mesmo. Cidade quente do caralho! Lá vaca dá leite em pó. O último que espirrou lá tem pra mais de dez anos. Vai, vai lá e pega 45° na sombra do umbuzeiro.”.

“Mas vocês têm de me ajudar! Eu não posso sofrer essa desmoralização pública mundial!”, disse Coronavírus já em desespero.

“Cona, a gente vai comer água na feira de São Joaquim, depois bater um sarapatel no mercado das Sete Portas. Pra abrir o apetite, vamos fumar um baseado no Humaitá e finalizar no Tempero da Dadá. Você acha mermo que a gente vai largar uma porra dessas pra te acompanhar nessa barca furada? Ó, véi, vá ver se a gente tá ali na esquina...”.