OS VIPS DA "SOFRÊNCIA EM LOCKDOWN"

MAS AQUILO FOI SÉRIO MESMO?

Eu confesso que cada vez mais eu me assusto com a mídia.

Não é chatice, é consciência.A coisa tá é de doer!

Uma mesmice pandêmica!

E olha, se tem um castigo a se pagar nos dias de hoje é o de se plugar em qualquer tela, abertas ou fechadas, inclusive dessas das "lives multi-telares" e assistir qualquer proposta de INÉDITA programação jornalística tipo "cabeça"; ou mesmo ENTREVISTAS COM DEUSES INTELECTUAIS, algo digamos assim, assistir MESMO, com análise construtiva, que a gente sai é desmiolado dali pra nunca mais cair na real da realidade dura. É pra nunca mais pensar!

Ser simplório hoje em dia...é dádiva indelével.Amém.

Em tempos de pandemia,então, caramba, todo mundo sabe tudo!

Os doutorados poli-científicos são conferidos em diplomas de segundos de podcasts!

É impressionante.

E eu que estudei até aqui, durante a vida toda? Que perda de tempo...

Hoje bastaria entrar numa douta rede social.

Basta se ter uma via streaming ou uma tecnologia de "webinar" e o mundo todo estará graduado nas amplas áreas dos conhecimentos...com direito a intervalos para enxurradas de PHDs em "fake& besteiróis".

Televisões abertas então, são como o apocalipse em várias versões das Terras um, dois, três, mil.. inclusive numa versão surreal desta nossa terrinha pra lá de pequena.

Mas o meu mérito aqui é outro: é exatamente sobre o doutorado em estrelatos em surrealidades.

O que inspirou meu texto foi uma entrevista levada ao ar ontem a noite, por uma televisão estatal, em que o entrevistado, um famoso publicitário, se tornava mais um ícone de SUPERAÇÃO das tantas "sofrências VIPs em lockdown".

Bacana o tema, não é?

A gente se emociona...ao ver como tudo é igual para todo o mundo.

Curioso é que, ao mesmo tempo em que se faz a reza ideológica midiática em prol de todos que estão diferentemente abandonados há séculos nesse país chamado Brasil, e isso não é humor algum, passa ser hilariante uma entrevista de alguém que se sente auto-superado em si mesmo ao estar na sofrência de seu isolamento social numa situação super difícil e desafiadora: No seu "Ap" em LONDRES, abrindo seu vinho francês para blindar e brindar o tempo surreal, bem como deslacrando sua latinha de Caviar para a degustação douta dos Vips do mundo, ao mesmo tempo que é endeusado na sua INCOMPARÁVEL E PROGRESSISTA capacidade intelectual de lavar pratos, limpar o chão e fazer sua cama (algo que realmente é para poucos neste mundo imortal!); todavia, um entrevistado genial inclusive na sua irrefutável capacidade de auto- desprezo e redenção por, nesse momento tão conturbado de mundo aos pobres mortais, não ter a necessária e fashion habilidade de "cheff" de cozinha dos bons, algo tão complexo como cozinhar ovos ou macarrão instantâneo e, portanto, ter a dura sofrência casual de, às vezes, pedir sua alimentação por um despersonalizado App Londrino.

E tudo isso mostrado por uma rede de televisão que trabalha por justiça social a todos.

Essa justiça eu também quero para o planeta. Seria crível?

Acho que dei o meu recado,não sei se tão engraçado quanto eu pretendia,meramente mediante uma sensação opinativa pessoal, de telespectador que não foi até o final da entrevista porque meu sono felizmente venceu a importância da matéria jornalística.

Decerto que a Pandemia de COVID19 , dentre tantas transformações e tantos profundos ensinamentos, me confirma em tese: esse Planeta,caramba, além de não ser um lugar justo decerto que é um lugar bem hilariante.

Um lugar que mesmo na tragédia...a gente consegue rir muito.

Mas é só para não chorar. Que eu acho disso tudo?

Moral do achismo da Pandemia: Acho que o Novo Corona Vírus não vai suportar esse lugar por muito tempo...

Podem apostar...e rezar.