ENTREVERO &+

ENTREVERO – 14 SET 20

Tem um troço que o pessoar chama de amor,

um corisco que escoiceia de um olhar

e vai direto num outro bisoiar,

um choque elértico chispando que é um pavor!

O cara fica embretado que é um horror

e nem consegue outras guria divisar,

fica somente na tropeada de grudar,

pra todo o resto perdendo seu valor!

Bem no começo fica os dois a se mirar,

com um nó nos gragumío a bulbuciar,

mas em seguida começa o agarramento...

o taura louco pra se pegar mais,

mas a prenda tem negaça até demais

e a porcaria logo acaba em casamento!

FERIDA NA TESTA – 14 SET 20

O psiquiatra chegou em seu hospício,

com atenção a tratar de seus pacientes,

atento a quaisquer sintomas diferentes,

sinal de adquirir-se um novo vício.

Mesmo não sendo exatamente seu ofício,

marca notou na testa bem saliente

e interrogou o “desinfeliz” diretamente:

“Como foi que sofreu tal malefício?”

“Ora, doutor, eu mesmo me mordi...”

“Mas de que jeito iria morder sua testa?

Não fica o seu nariz pelo caminho...?”

Disse brincando, já que estava ali

e o louco respondeu, com ar de festa:

“Simples, doutor, eu subi no meu banquinho!”

BOLETIM – 14 SET 20

Viu o vovô o boletim do seu netinho,

contendo várias notas em vermelho...

“Que coisa triste!” – comentou o velho:

“Muito mal tu estás no coleginho!...”

“Tem muita coisa difícil, vovozinho!”

“O que eu acho é que pararam de usar relho...

Devias tomar o Vovô como um espelho:

Matemática eu entendo que é um espinho...”

“Mas tiraste nota feia até em história!

Nessa matéria eu só tirava dez!”

Disse (mentindo) com certa vanglória...

“Tá bom, Vovô, sei que quer me entusiasmar,

mas no tempo dessa escola que tu fez,

tinha sessenta anos menos pra estudar!...”

DESEJO DE GÊNIO I – 15 SET 20

Um cara tropeçou numa garrafa antiga,

enquanto andava tranquilo pela praia;

foi esfregar, querendo ver se nuvem saia:

“Quem sabe um gênio descobrir consiga...”

Surgiu a criatura, com a cara pouco amiga:

“Vá esquecendo depressa essa zumbaia

dos três desejos! Na real portanto caia:

eu só lhe dou um desejo e faço figa!...”

“Mas pense bem no que me vai pedir

e me explique detalhado isso que quer:

quem pede às tontas sempre se dá mal;

eu vou lhe dar exatamente o que eu ouvir;

deixe bem claro para só depois dizer.

Estou explicando de forma bem cordial.”

DESEJO DE GÊNIO II

“Já estou cansado de tanto atendimento:

dão um jeito de guardar-me novamente

e fico séculos aqui preso impotente.

Um meu colega teve até o atrevimento

de no instante de seu esfregamento,

ele pedir três desejos ao cliente,

ao contrário de dar, tão impaciente

já se encontrava, após tanto cumprimento.

“Então me explique exatamente a sua noção!”

“Pois muito bem. Quis sempre visitar

o Arquipélago de Fernando de Noronha...

Mas tenho medo de navio ou de avião:

quero uma ponte que atravesse o mar!...”

“Está me achando com cara de pamonha?”

DESEJO DE GÊNIO III

“Por que a ponte? Eu o posso transportar

e até trazê-lo de volta, se quiser!

A travessia não notará sequer...

muito difícil tal desejo realizar;

para essa ponte vou ter de trabalhar

desde o fundo do oceano para a erguer!”

“Mas dirigir o meu carro eu vou querer,

daqui até lá, não consegue me ajudar?”

“Peça outra coisa. Isso é certo que não dou!”

”Então me dê o dom de compreender

as mulheres e sua maneira de pensar...”

Nesse momento o gênio embasbacou:

“Com duas ou quatro pistas vai querer

A tal de ponte atravessando o mar...?”

VIAGEM AO CÉU – 16 SET 2020

Na escola havia aula sobre religião;

Com um sorriso bondoso, entrou um frei:

“Meus amiguinhos, eu agora indagarei

a importante e mais real questão!...

Quem para o céu deseja ir, então?

Um bom caminho para vocês indicarei;

quem o deseja seguir eu saberei:

basta somente levantar sua mão...”

A criançada prontamente obedeceu,

menos Joãozinho. “Mas você não quer

ir para o céu? Quem vai lá, ganha uma asa...”

“Querer, eu quero,” o menino respondeu,

“Mas a Mamãe eu não vou desobedecer:

ela mandou voltar direto para casa!...”

O VENDEDOR ESPERTO – 16 SET 20

Bateu à porta de uma casa o vendedor;

“Minha senhora, bom dia! Quer comprar

uma apólice de seguros para danos gerais?”

“Não, obrigada. Já tenho uma, meu senhor.”

“E uma enciclopédia do máximo valor?

Trinta volumes... O primeiro eu vou mostrar.”

“Não, meu amigo. Aqui não tem lugar...”

“E quem sabe... de grama, um cortador?”

“Não, obrigada. Meu pátio é de cimento.”

“E um sabonete, para se livrar de mim?...”

“Compro até dois, desde que se vá embora!”

“É justamente isso que vendo no momento!”

Abriu depressa a sua sacola e disse assim:

“Muito obrigado! Cinco reais, minha senhora!”

O FRASCO DE REMÉDIO – 16 SET 20

O paciente ao consultório retornou,

com aspecto de estar bem mais doente.

“Eu preciso de um remédio diferente,

aquele outro para nada me adiantou...”

“Está certo.” O médico então olhou

no prontuário a informação presente.

“Coisa estranha, no seu caso, exatamente

serve o remédio que o senhor comprou...”

“Vou até uma outra coisa receitar,

mas tem certeza de que tomou do jeito certo?

Sem a menor dúvida, era o mais indicado...”

“Pois é, doutor, mas não funciona só de olhar;

seria necessário o vidro eu ter aberto,

porém dizia: ‘Conserve sempre bem fechado!’”

CALÇAS SUJAS (2010?)

(para Cláudio Albano)

Saiu do aeroporto um avião;

Logo a seguir, informou o comandante:

"Senhores passageiros, neste instante,

sobrevoamos uma vasta cerração;

estamos a mil pés e a navegação

transcorre muito bem... E logo adiante

vou repassar informação interessante

sobre este nosso voo e.... NÃÃÃÃÃO!..."

Logo a seguir: "Senhores passageiros,

desculpem pelo susto... Eu derramei

café quente na bragueta... Ai, meus filhos,

eu me queimei, por isso meus berreiros..."

Respondeu um: "Também eu me sujei!

Precisa ver como ficaram meus fundilhos..."