A HISTÓRIA DA ONCA

Passei o dia pesquisando.
Panthera onca é o nome científico de nossa onça. Simples: em latim não existe o cê-cedilha. Como os nomes científicos dos animais, dos vegetais e de muitos micro-organismos são em latim ou latinizados, não há como escrever o nome da espécie onça com o tal cedilha. Então, fica onca.
A cedilha é uma invenção dos espanhóis, mas estes não mais usam esse diacrítico - apenas o idioma catalão entre eles o emprega, assim como o português e o francês.
Também em espanhol não existem os fonemas com o som de zê. Eles dizem "cê".
Cedilha (subst. masc.) vem de "zedilla" (femin., pois as letras em espanhol são femin.) e significa "pequeno zê". A pronúncia na Espanha é "cedilha", pois, além disso, o ll tem som de lh.
A pobre Dra. Zélia era especialista em Oncologia. A tendência reducionista de nossa língua tornou comum dizer ONCO, tanto para designar a especialidade quanto os seus especialistas. Mas, além de chamar os especialistas masculinos de "o onco", o vulgo ousou chamar as doutoras da área de "a onca".

Pois bem, o marido daquela doutora era dado a zoar, sem noção e, muitas vezes, até maldoso.
Por volta das bodas de prata do casal, ele encomendou um mimo, verdadeira joia em ouro e no formato de um cedilha (vale dizer, um pequeno zê). Claro, acompanhava uma charmosa gargantilha, também em ouro, e que portava o tal cedilha. Eis o presente.
Lisonjeada e ingênua, a doutora não se deu conta da infâmia e desfilou, pagou de ONÇA, por mais de ano.

É pouco? Depois eu conto da CÁRDIA, da GINECA, da IMUNA, da HEMATA, da INFECTA, da NEURA, da OFTALMA, da PATA, etc.