Mensagem de Barnabé Varejeira - Halloween. Black Friday. Palavrões.

Bão dia, Cérjim. O sór tá um pôco desanimado ôje. Parece inté que tá desacorçoado. Percisa de um pôco de café-da-manhã bem reforçado pa te força pa inluminá o dia. Tá fraquinho, que só veno. À noite, choveu, e choveu, e choveu sem pará. Parecia inté um dinlúvio. Pará a chuva parô, mas só por um tiquinho ansim de tempo. Choveu pá dedéu. A terra tá moiada, encharcada. E parece que o sór não tá com vontade de dá as cara ôje, não. Vâmo vê se até antes de eu encerrá esta mensage ele se anima e taca fogo no mundo. Vâmo vê. Se não, ele só vai parecê de noite. Este é o dia de ôje cedo, bem cedo, então, vâmo trabaiá, faça sór, ô faça chuva. Mas, antes de i trabaiá, vô terminá de concluí está mensage. O cê que é um óme da cidade já deve tê ovido as pessoa falá uns palavrão que vem do estrangero. Se o cê fala os palavrão, eu não sei, e nem quero sabê; eu nunca ovi palavrão saí da sua boca. Eu às vez pregunto pa pessoa que fala comigo, quano ela fala os palavrão, se elas sabe falá língua de gente, e elas ri achano graça, achano que tô contano piada, e há quem dentre elas que emburra, fecha a cara, óia torto, óia pa mim como se oiásse pô tinhoso, os óio a chispar fogo dos inferno. Mas que diabo! Perdão, Menino Jesus! Perdão! Não presta falá ansim. Meu Deus do céu! Parece que as pessoa perdêro a qualidade de falá; passáro por uma mentamorfose, e viráro bicho. Veja o cê, Cérjim, o que ovi, transondonteonte, aí, em Piamoangaba. Tava eu passano perto da fêra, e ovi um jóve falano pá ôtro jóve: "No bléquefraude o meu fáder vai comprá pa mim um rômetíte por trinta ófi, maibróde." E o amigo dele disse pá ele, ansim: "Da hora. E o que cê vai fazê no raloín?" E adespois faláro mais arguns palavrão, mais o menos ansim: "O tal - e falô um nome não sei de quem, se de um primo, o de um tio -, agora trabaia de róme alface. Lôco. Não sai de casa pa trabaiá. Óquei, máifrendi! Beleza! O bagúio é lôco!" Não entendi o que eles disséro. E mais adiante, ovi uma bela moça, muito bonita, diga-se de passage, falá que a irmã dela foi no féchauique, e rélpi! rélpi! e istópi, istópi, e taime, um taime, e uíquende, o uiquente, não sei, e chópi, e otros palavrão que Deus me livre! E o cê não sabe o que ovi das conversa dos óme lá na praça, falano de computador e firme: rarduér, sofituér, espaidermem, áiromem, e ôtros palavrão que não falo, nem escrevo. Se aquelas gente falasse um indioma, tudo bem, afinar seria coisa nossa, a quar nos deixô os índio. Que tem arguma coisa errada, Cérjim, neste mundo, tem. Tão pondo comida estragada no prato das pessoa, não é possíve! Parece, Cérjim, que o sór tá se animano. Parece. Já esquentô um poquinho. Agora, vâmo trabaiá. Fique com Deus Nosso Senhor Jesus Cristo. Inté mais, Cérjim.

Ilustre Desconhecido
Enviado por Ilustre Desconhecido em 04/11/2021
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