Mario Quintana e a dívida histórica

Estive a pensar de onde poderiam ter tirado a brilhante ideia de que, nós pobres brasileiros que temos uma dívida eterna com com os políticos e os juízes, temos acessoriamente uma dívida pendente com os escravos e seus descendentes pelas atrocidades que eles inegavelmente sofreram.

Eis que, não mais do que de repente, deparei-me com a seguinte poesia de Mario Quintana:

“Leituras

Não, não te recomendo a leitura de Joaquim Manuel de Macedo ou de José de Alencar. Que ideia foi essa do teu professor?

Para que havias tu de os ler, se tua avozinha já os leu? E todas as lágrimas que ela chorou, quando era moça como tu, pelos amores de Ceci e da Moreninha, ficaram fazendo parte do teu ser, para sempre.

Como vês, minha filha, a hereditariedade nos poupa muito trabalho.”

Como existe certas pessoas que têm a santa capacidade de transformar tudo que põem a mão ou os olhos em titica, algum “iluminado”, que muito provavelmente tem diploma de filosofista ou jornaleiro ou os dois, tomou a mensagem do poeta ao pé da letra e … pimba, eis que se materializa mais uma "verdade absoluta" para servir de diretriz de grupo.

Contudo eu trocaria a última frase da poesia para “a hereditariedade é implacável”.

Argonio de Alexandria
Enviado por Argonio de Alexandria em 15/02/2022
Reeditado em 15/02/2022
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