E agora, Jair?

E agora, Jair?

A eleição acabou,

a luz apagou,

o povo sumiu,

a noite esfriou,

e agora, Jair?

e agora, você?

você que é sem modos,

que zomba dos outros,

você que faz nada,

que odeia, debocha,

e agora, Jair?

Está com mulher,

mas está sem carinho,

está sem discurso,

já não pode correr,

já não pode falar,

mentir já não pode,

a noite esfriou,

o dia não veio,

a vitória não veio,

o golpe não veio,

não veio a utopia

e tudo acabou

e tudo fugiu

e tudo mofou,

e agora, Jair?

E agora, Jair?

Sua amarga palavra,

seu instante de fúria,

sua reza e jejum,

sua falsidade,

sua língua ferina,

sua alma de pedra,

sua incoerência,

seu ódio — e agora?

Com a chave na mão

quer abrir a porta,

não existe porta;

quer manter o poder,

mas o poder cessou;

quer ir para Brasília,

Brasília não há mais.

Jair, e agora?

Se você gritasse,

se você liderasse,

se você governasse

essa massa decente,

se você sonhasse,

se você vencesse,

se você amasse...

Mas você não ama,

você é rude, Jair!

Sozinho no escuro

qual bicho-do-mato,

sem ter o centrão,

sem parede nua

para se encostar,

sem a imunidade

que dá impunidade

você marcha, Jair!

Jair, para onde?

Josemar Alves Soares
Enviado por Josemar Alves Soares em 05/12/2022
Reeditado em 19/06/2023
Código do texto: T7664960
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