AS AVENTURAS DE BININDITO GORONANTE

Autor. Anesio Silva

Deixem-me apresentar o meu personagem.

Foi quando eu apresentava na Rádio Acesa F M o programa Semeando com Jesus.

Eu criei este personagem para poder falar o que não poderia falar sem que fosse até mesmo processado.

Mas hoje quero apresentar a vocês, meus distintos leitores,

AS AVENTURAS DE BININDITO GORONANTE

1 O bêbado e a assombração

lembra dele? do Artino Antherms ?

aquele que matou o tamanduá que assombrava lá no cruzeiro la em Lima Duarte? Pois e , existia no local uma assombração e ninguém passava por ali depois das dezoito horas, principalmente em noites de lua cheia. Artino Antherms era o bebum do lugar e la na venda,do seu Budega,ele arrotava valentia, enquanto os homens iam para a lida pela manhã lá na roça. Ele riscava o seu facão no chão de cimento e saia ate faíscas desafiando os homens que antes de ir para a lida passavam na venda pra tomar uma pinguinha. -Cambada de froxos, oceis tudo tem medo da sombração la do cruzeiro.Eu vo mostra pra vocês que hoje eu acabo ca raça daquele mardito. Artino Antherms,com a sua meia garrafa de pinga no bolço esfarrapado já embriagado, parecendo até que a sua bebedeira era cronica, nunca terminava.Ate que la para o meio dia ele caia em sono profundo e quando acordava recomeçava com a sua valentia até que quase em coma alcoólico era carregado para casa.

Um dia de muita chuva ele apareceu lá na venda a tardinha e todo molhado, brandindo o seu facão bradava:-Hoje oceis vai ve u qui e um homi valente. Eu vo infrenta aquela sombraçao. Oceis vai vê só quem e o Artino Anthems.Passaram se algumas horas e logo ele chegou todo aranhado e ensanguentado, com o tal facão sujo de sangue dizendo: Vai la cambada de medroso. Vai procura a tal assombração. Os seus vizinhos ficaram preocupados. Sera que o maluco havia matado alguém? Quem sabe uma pessoa que assustasse os outro la no cruzeiro?O doutor Sérvulo, fazendeiro do lugar era dado a essas brincadeiras de mal gosto e quem sabe elas teriam acabado mal para ele?Quando chegaram ao local encontraram um grande tamanduá estendido no chão.

2 Benedito Goronznte e o fim do mundo Participaçao Especial de Ze Carvão. Voces não conhecem ainda o Ze Carvao. Zé carvão é um personagem criado pelo meu amigo o presbítero Daniel de Paula,da Igreja Presbiteriana do Retiro, que é o pai do Pastor Douglas, pastor sênior da igreja que durante alguns anos frequentei. Zé Carvão era a alegria,o xodó da garotada que frequenta a Escola Biblica de férias,a EBF.Confesso aqui que eu era um admirador daquele teatrinho de fantoches. Sendo assim resolvi junta los neste causo. O causo foi o seguinte: Binindito Goronante era o tipo de crente que acha que tomar uma pinguinha não faz mal. Ele sabe que Deus esta vendo mais ele acha que o Senhor tem mais o que fazer e não ia castigar ele so por causa de uma simples pinguinha . Binindito goronante se sentia meio tonto e se deitou la no banco da praça pra tirar um cochilo pra depois chegar em casa recuperado,pois ele ficava brabo quando a mulher o espinafrava. Começou a pegar no sono e já roncava,quando surgiu o Zé Carvão,vestido com uma camisinha do Flamengo bem surrada e uma calça presa por um suspensório colocado como o Chaves colocava o seu. Zé Carvão vinha chutando uma lata com os seus sapatos furados e com boca de jacaré. Chegando perto do banco onde o Binindito dormia,agora a sono solto, Zé Carvão dá um chute na lata que vai bater bem no banco onde o Benedito Goronante tava dormindo. Ele acordou assustado e brigava com o garoto ; -O seu mulequi atrevido,num arrespeita os mais vei,so. -Mi desculpa moço eu tava brincando de joga futebol. -Vai joga fortibol nus quinto dus inferno,muleque abusado. No auge da discussão passa um jornaleiro gritando:_Extra ,Extra,o mundo vai acabar amanha,um poderoso asteroide esta vindo em direção a terra. Assustado o garoto,quase chorando diz ao velho ? _E agora moço ,u mundu vai acabar nois vai morrer todo mundo. Binindito Goronante tenta acalmar o pobre e assustado menino : -Deixa disso seu medroso, deis di qui era criança pequena la im Lima Duarte eu vejo eis dize qui u mundu ia caba mais euo já to cum setenta anos e num cabo nenhum mundo. Alinhais,si cabasse inte qui era bao pruque eu ia fica cum tudo pra mim,us carro as casa bunita,munto dinheiro,ouro i tudo mais .Tudo ia ser meu. _Ue moço,u sinhô num vai morre também ? _Qui nada garoto ,lem casa a inchurrada cavo um baita dum buraco e eu vo po la drentro a minha esteira i liga u meu radin di pia pro modi sabe quando tudo vai se meu. Vo fica quetin dentru du meu buraco qui vo cubri cum foia di bananeira.

3. TORCEDOR DO BOTAFOGO

Sabe quem tava torcendo pro botafogo ontem ?

Ninguém mais nem menos que o nosso amigo o Binindito Goronante.

O radio la na sala irradiava o jogo e ele a todo momento pedia silencio.

Oceis tudu ai calaboca qui u meu timi hoj vai te qui ganha,

Sessi timi inpata ieu matu um.

Carma meu veio, oia u coração, oce num vai me deixa viuva por modi que es tar di fortIbol.

Gol du framengo, gritou o zezin. ( o nome e Zezin mesmo)

Calaboca seu dizinfiliz quessa desgrama di butafogo ja ta perdenu uai.

Eita timi ruim da pesti.

Começa o segundo tempo e o time dele toma outro gol.

Ah timi disgranhento so tem cego e alejado ?

Disliga essi radio hom. ess fortinol vai ti mata hom.

O homem esta de cabeça inchada.

Mas amanhã sera outro dia.

4 A GALINHA QUE VEIO DO ESPAÇO

Ela chegou voando e foi pousar logo em cima do Binindito Goronante, quando este tirava uma soneca em sua rede, armada lá no fundo do quintal A rede estava amarrada entre duas goiabeiras.

_Eita qui so mi fartava ess.

Di onde qui veio es cabrunco ?

Muito infezado , ele a pegou e já ia torcer o pescoço dela,mas resolveu amarra lá ali mesmo com uma inbira de bananeira.

No dia seguinte, ele acordou de madrugada com a tal galinha cacarejar depois de botar um ovo enorme, bem diferente do normal.

Lá pelas duas da tarde, a galinha cacarejou novamente e pôs outro ovo e por incrível que pareça, duas horas depois, ela botou um terceiro ovo.

_Muie, corr ca, oce num vai , mai aquela galinha só podi se di otro praneta.

Logo muita gente veio ver a tal galinha que veio do espaco e a casa do Binindito Goronante ficou famosa , saiu até no jornal e apareceu na TV.

5 A MORTE DO CARAMBA

( Ele voltou do reino dos mortos)

,Aquele domingo na praia de Muriqui chegava ao fim. Em frente a porta do ônibus, Zé mineiro, o organizador da excurçao,fazia a chamada a fim de ver se estava faltando alguem, pois queria retornar imediatamente. Muriqui já estava deserta àquela hora, eram quase seis horas da tarde. Cadê o Caramba gente, ate agora não apareceu procurem no que quando chegarmos em Volta Redonda vou puxar as orelhas daquele irresponsável. Procura daqui, procura dali e nada, o Caramba tinha sumido. De repente, alguém chega gritando:

Seu Ze, seu Ze, encontraram as roupas a camiseta e os chinelos dele la na areia.

Pronto, a triste verdade estava comprovada, o pobre Caramba havia se afogado. À volta para casa foi terrível, o que era festa na ida para a praia, na volta era uma grande tragédia. O caramba tinha se afogado. E agora? Quem daria a noticia a família?

Zé Mineiro ficara lá no Salva mar para providenciar a busca pelo corpo.

Chegando ao nosso bairro, a má noticia já tinha nos precedido e a casa do Caramba estava cheia de gente avidas para saber o que tinha acontecido. A um canto da sala cheia, Seu Ferreira o pai do rapaz, que era um homem muito calmo, tao calmo que quando oferecia carona no carro da prefeitura que dirigia se alguém estivesse atrasado a oferta era recusada. Seu Ferreira dizia com orgulho: Nunca bati com o meu carro, também pudera não e mesmo? Voltemos então ao fato:

A única palavra que seu Ferreira pronunciou foi esta: E agora, quem vai me dar outro Ricardo.

Desculpem a minha falha mais Ricardo era o nome de batismo do Caramba.

Na segunda feira continuava o alvoroço, tanto na casa do Caramba, como na do Zé Mineiro que alias morava na mesma rua , bem em frente a casa do desaparecido. O dia inteiro, todos aguardavam a chegada do corpo. Era muita tristeza.

Na terça feira a tarde, enquanto todos nos estávamos a espera do corpo do nosso amigo, Carlim Fumo, o mais medroso da turma estava sentado no banco da praça que fica em frente triste e cabisbaixo quando de repente sentiu uma mão gelada tocar lhe e quase morreu de susto. Era o Caramba que estava diante dele. Um fantasma?

Carlim fumo chegou correndo, quase sem fala apontando para a rua. O Caramba estava de volta. Mais como?

Ele mesmo explicou:

Eu encontrei com meus primos la na praia e fui junto com eles para Caxias fiquei por la ate hoje

Avisado por telefone, Zé mineiro retornou, quase ao anoitecer. Lembro ainda que naquele tempo não havia o telefone celular.

Este fato me rendeu a publicação do meu primeiro livro, ‘’Morreu Alguém ai? Publicado no site ‘’Clube dos autores. Naquele mesmo dia, ele ao chegar em casa e ver aquele alvoroço, pronunciou a frase que deu origem ao meu primeiro livro:

6 ZE MINEIRO

Esta historia ia ser contada logo no principio do livro, (MORREU ALGUÉM AI ? (pubçicado no site Clube dos autores) mas achei melhor narrá-la agora para homemagear esta figura tão querida:que hoje me faz muita falta.

Nosso baitro morreu quandp ele nos deixou.

Zé Mineiro gabava-se de, na sua mocidade, ter sido ótimo peão amansador de burros nas fazendas que trabalhou em Minas Gerais, Mato Grosso e até em Goiás. Nós ouvíamos, embevecidos, aquelas historias principalmente pela maneira que eram narradas .

Ate que um belo dia, o profundo conhecedor de animais recebeu a visita de um cigano montado em um belíssimo animal.

Era um burro muito bem arriado e enfeitado, que causou, à primeira vista, grande admiração em todos nós . Mas quem entendia de animais era Zé Mineiro, pra rimar peão e boiadeiro.

O cigano convidou-o para dar um repasso no magnífico animal e lá se foi o peão em disparada, tirando até faíscas no asfalto, sumindo no fim da estrada. Quando ele retornou, fez com que o animal empinasse demonstrando grande habilidade sobre a sela.

O cigano então fez a proposta:

“Gostou do animal? E uma maravilha não e mesmo?”

Negociaram ali mesmo o animal e o cigano foi embora, enquanto todos nós admirávamos a magnífica aquisição .

Já era bem tarde e fomos dormir e sonhar com aquele lindo animal .

No dia seguinte, than, than, than, than!: Chovera toda aquela noite e o animal ficara amarrado do lado de fora da cerca, ficando todo molhado e desbotado.

Quando Zé Mineiro foi ver o pobre animal quase teve um troço:

Nada mais restava daquele lindo animal .

Amarrado à cerca estava um tremendo pangaré que não tinha nada a ver com o magnífico burro . Era o mesmo, mas a chuva havia tirado a maquiagem e assim Zé Mineiro foi logrado.

Quanto ao cigano, dou um doce para quem souber seu paradeiro. Nosso amigo não se deixou abater pela gozação da qual se tornou vitima e, assim, o pangaré se transformou no nosso amigo Burrrão.

Sim, era desta maneira que nós o batizamos: Burrrão!

Agora o Burrrão vagava pelas ruas com seu passo cansado ate à noite, quando era recolhido a um Paiol, onde se abrigava.

Quando ele não voltava para casa, Zé Mineiro perguntava :

Alguém viu o meu Burrrão?

Quando alguém o encontrava, logo o conduzia até a casa do seu dono.

No fundo, o Burrrão era de todos nós até que um dia ele sumiu pela estrada.

“Alguém viu o Burrrão por ai??”

Nada! Até que, depois de muitos dias, Jorge-Perereca saiu com essa:

“Seu Zé, encontrei o Burrrão!”

“Onde??” - perguntamos todos ansiosos:

“Lá no rio Paraíba. Ele estava nadando de um jeito muito especial (ou estranho?).”

“Como assim jeito especial?” - perguntamos todos bem aflitos.

“Tava nadando lá no rio com as quatro patas para cima”- respondeu.

“O meu Burrrão morreu???”

Perguntou Zé mineiro, desesperado. E assim acabou o nosso Burrrão..

ANESIO SILVA

7. O ECOLOGISTA

Um dia ele apareceu na rádio reclamando do estado em que se encontrava o Rio Paraíba.

_ Oceis ja viu a xugera qui ta la nu Paraíba ?

E bichu mortu, sufa veiu,isgotu e inte genti morta ja pareceu pur la, anssim num da ne?

Eis num sabi qui e aquel água qui nois bebi ?

Pur ca di que anssim a nois tudu vai caba duenti?

Eis tem qui aprende cuida du ri Paraiba, oce num acha ?

Aquele dia nós estávamos ali diante de um ecologista.

8 O GALO POLONEZ

Nosso amigo estava revoltado, o malandro do seu cunhado que morava com ele, tinha aprontado mais uma.

_ oia so u qui aquel dizinfilis fes ca genti.

Lem casa, a nois cuida deli pur mo di qui u pobre tem assopru nu peitu i num podi trabaia. Cunteci q' eli mi vendeu um tar di galo poloneis qui era la dus istrangero.

Cunteci qui o tar, so tem tamanhu.

E maid grandi du que us qui nois tem lem casa, mais u mardito pamha inte das galinha da muie. eli num e di nada.

Meu cunhadu diz qui u galu inda e novim i inda vai vale muntu dinheru mai ieu num querdito. Eu achu q' uel mi ingano i ieu vo ponha aque'l disinfiliz pru mei da rua.

Oce acha qui ieu num to certu ?

9 O PESCADOR

Nao e que ele resouveu pescar ?

E ainda na companhia do compadre Ze lagoa.

Na barranca do rio ainda encontraram o Artino antherms que como sempre estava bêbado como um gambá.

_ Oia la cumpadi Ze, num e qui u Artino anthems tomem arrezorveu vim pesca ?

_ Ah, essa não cumpadi Bindito,u hom so anda bebu ?

Artino antherms. cantava desafinado assim

Eu nasci como nasce carque vagabundo inte hoje eu num sei quem foram meus pais.

Eu cresci nas tabernas pescando de linha na beira dus ri.

Se armoco num janto

Pra mim e o bastante

Cumer uma veis.

_Cala boca disinfiliz oce num ve que ta ispantanu is pexis ?

O bebum que nessas horas virava valente. partiu pra briga e a confusão se formou os cpadres deram lhes uns safanões e o bebum ficou quieto lá no seu canto ate que os dois cpadres o arrastassem pra sua casa.

Voce pegou algum peixe ?

Nem eu.

10 A CAÇADA

Eita que ele resolveu nos contar um causo, o causo da caçada da onça.

Eu garanto que voces nunca viram uma caçada como esta:

Mas vamos deixar os entretantos e partir pros finalmentes

Com vocês, Binindito Goronante:

-Ba tardi pessoar, oceis num querdita qui ieu caçei aquela onça i qui ieu levei ela inte adondi istava us cumpanheros la na cabana?

Pos antao ieu vo conta u qui si assucedeu:

Us cumpanhero mangava di mim ,por cas di que ieu so tinha u meu caniveti di pica fumo i eis tinha cada trabuco qui dava inte medo, tinha inte u tar di papo marelo.

Eis tava mangano di eu, por caus du meu caniveti i antao ieu sai pra fora da cabana i chingano tudu qui era nomi feiu, ieu entrei na mata.

Aqueis convardi,qui so tinha papo ficaro na cabana,bebeno pinga i caçoando di eu. La no meio da mata fexada, mais bem perto da nossa cabana, num e qui mi deu uma dor di barriga disgramada?

Foi quano, depois di mi alivia, num e qui ieu oiei pru riba di uma arvi i quem e qui tava la in riba oiandu pra mim ?

Num e qui era a disgramada da onça? i pio ainda, ela vinha decendu di gatin, oianu pra mim la din riba.

Foi antao que disse pras minha canelas:

Pernas pra que ti queru, i sai disparadu por modi arcança a cabana qui grazadeus num tava tao longe anssim.

Quandu a bicha tava quas mi arcançano ieu gritei prus cumpanheru abri a porta. Acunteceu antao qui ieu trupiquei num cipo qui tava na frenti da porta, justamenti nu momentu qui a onça caiu por riba di eu.

Com u tombo qui levei, ela avuo por riba di eu i caiu dentro da cabana.

Foi antao qui ieu fexei a porta i gritei pra eis:

VAI TIRANO U CORU DESSA AI QUI IEU VO BUSCA OTRA.

Bem amados, chegamos ao final deste nosso livro. Espero que gostem.

Fim

ANESIO SILVA
Enviado por ANESIO SILVA em 08/11/2023
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