"Piranha Rural" = Reminiscências da Juventude= Humor
Mulher não é objeto
Mas é coisa gostosa
Não me sinto abjeto
Ao dizê-la deliciosa
De máquina a chamo
De avião já a chamei
Importa é que a amo
E que sempre amarei
Bichinho bom demais
Tira o sono da gente
Que falta ela nos faz
Se some de repente
Numa fazenda fiquei
Que só tinha barbado
Uma semana agüentei
E fiquei desesperado
Como é que pode isso?
Ficar sem ver mulher?
Eu não posso; enguiço
E todo meu ser a quer
Montei em um cavalo
Percorri a vizinhança
De repente, num estalo:
Surgiu-me a esperança
Avistei, muito distante
Aquela figura feminina
Cavalguei, resfolegante
Até pertinho da menina
Deus, como ela era feia...
(Mas tão linda eu a vi!)
Em meus olhos uma teia
Mulheres não havia ali
Voltei à fazenda voando
Tomei banho caprichado
Até roupa fui passando
Saí dali bem barbeado
Ela já esperava por mim
À beira de um riachinho
“Quicéqué?Pô dendimim?
Vô querê uns trocadinho...”
Pulei depressa pra sela
Esporeei o pobre cavalo
“Pro inferno, minha bela”
Prefiro na mão criar calo...
Um favor eu teria feito
E ela um favor pra mim
Fosse na faixa, no peito
Mas pedir um “trocadim”
Sendo ali um artigo raro?
Fugi porque gosto de mim
Êta barato que sai caro!!