Um soneto de Shakespeare e outras coisas

Escolhi este belo soneto (sem nome) do bardo inglês para reproduzir aqui, pois faz referência aos livros. Mas é um soneto de amor, claro.

Como imperfeito ator que em meio à cena

O seu papel na indecisão recita,

Ou como o ser violento em fúria plena

A que o excesso de forças debilita;

Também eu, sem confiança em mim, me esqueço

No amor de os ritos próprios recitar,

E na força com que amo me enfraqueço

Rendido ao peso do poder de amar.

Oh! sejam pois meus livros a eloquência,

Áugures mudos do expressivo peito,

Que amor implorem, peçam recompensa,

Mais do que a voz que muito mais tem feito.

Saibas ler o que o mudo amor escreve

Que o fino amor ouvir com os olhos deve.

William Shakespeare - Sonetos, São Paulo, Abril Cultural, 1978 (traduzido por Ivo Barroso).

Trechos de diversos sonetos de Shakespeare podem ser encontrados em Nada Como o Sol, um romance sobre a vida amorosa do autor inglês, escrito por Anthony Burgess, o mesmo de Laranja Mecânica e outros sucessos. Da orelha do livro: "Partindo da juventude do poeta, o romance é uma farra que segue o amadurecimento de Will e sua iniciação no sexo e na literatura. Ao mesmo tempo, trata-se de um exame sério das forças que nutrem a arte, dos efeitos do local e da época, e dos aspectos prosaicos que sempre acompanharam sua genialidade extraordinária." Anthony Burguess - Nada Como o Sol, RJ, Ediouro, 2003

Outras coisas:

"A vida é uma história contada por um idiota, cheia de som e fúria, nada significando."

É uma fala de Macbeth, uma das tragédias mais conhecidas do gênio inglês. Sua obra está cheia de frases memoráveis e gosto particularmente de "Palavras, palavras, palavras.", de Hamlet.

Dos tempos elisabetanos para os nossos dias as coisas mudaram muito. Principalmente as citações. Aí vai, então, uma frase do Major Rocha, personagem do filme Tropa de Elite 2: O Inimigo Agora é Outro:

"Cada cachorro que lamba sua caceta."

É cinema, mas poderia ser literatura: Edward Bunker - autor do excelente Cão Come Cão, SP, Barracuda, 2004 - se estivesse vivo talvez assinasse embaixo.