O conselheiro e o cavalo

Se não me deres conselho,

Irei furtá-lo,

restarás, conselheiro, furtado.

Se, num arroubo, ouso e roubo,

no mais, vos ouço,

Conselheiro,

E não há roubo.

Anote:

Não desmontei do cavalo,

Logo, não cavei o buraco,

nem poderia, aliás, cavá-lo.

Também não sei quem roubou o robalo,

Já vos disse, estava a cavalo,

como poderia, então, roubá-lo?

O cavalo na vala não pára,

A sela na vala resvala,

O cavalo não repara na vala,

E fomos todos pro mato.

A vela o escuro revela:

Baita capote, cavalo!

Agora sim desmontei de fato.